Estamos em plena campanha eleitoral, porém, definitivamente, as eleições para prefeitos e vereadores de todo o país passa por uma interessante mudança. As novas regras do jogo eleitoral, que incluem mais restrições ao uso do poder econômico para angariar votos, transformou a lógica com que os candidatos devem buscar seus votos.
A possibilidade de realizar mega eventos com a participação de "mega" artistas e a possibilidade de realizar trabalhos de construção de imagem via o uso intensivo, e em escala, de recursos de comunicação tradicionais facilitava o acesso do candidato ao universo do eleitor.
A despeito do tempo da TV continuar a ser o elemento fundamental das campanhas eleitorais, novas frentes de trabalho surgiram. Destaco o uso mais intenso da internet e o que vou chamar de "corpo-a-corpo terceirizado".
A internet representa o futuro das eleições que, combinada com a estratégia do horário eleitoral gratuito, deverá servir como fonte primordial de informações sobre os candidatos, já na próxima década (ou seja, no pleito de 2016), desde que a taxa de crescimento de acesso à rede mantenha-se no ritmo atual.
Outra estratégia que já se mostra como realidade é a idéia do "corpo-a-corpo terceirizado". A gigantesca escala na quantidade absoluta de eleitores, combinada com a restrição para produzir certos materiais de campanha, fará com que a mensagem do candidato, acompanhada dos pedidos de voto, tenha que chegar diretamente ao eleitor, por meio de um interlocutor qualificado e muito bem treinado. Antigamente, o conceito de corpo-a-corpo era definido como aquele contato direto do candidato com os eleitores, os quais incluem o discurso na porta da fábrica as 6 da manhã, o cafézinho magro do meio da tarde, os tapinhas nas costas, apertos de mão, abraços, risadas e demais "xamegos" feitos para os eleitores. Como prevalece a idéia de que não existe ninguém melhor para pedir votos do que o próprio candidato, o objetivo do "corpo-a-corpo terceirizado" seria reproduzir a capacidade de comunicação do candidato em grupos de cabos eleitorais altamente qualificados.
Em muitas campanhas, os "multirões qualificados" utilizarão pessoas com maior grau de escolaridade, melhor capacidade de articulação e amplo conhecimento da realidade política e social das regiões que visitam. Essas pessoas deverão conversar diretamente com o eleitor e, ao fazer isso, comportar-se com o mesmo comprometimento do candidato que representam, ou seja, se o candidato não consegue apertar a mão de cada cidadão pessoalmente, ele deverá tentar reproduzir seu aperto de mão e seu "dedo de proza" em escala. A figura do entregador de panfletos e dos porta estandartes, vulgarmente conhecidos como "seguradores de bandeira" deve ser cada vez menos importante durante as eleições e parte dos recursos economizados em gráficas, brindes, shows e camisetas deverá ser dirigida para a contratação e treinamento das pessoas com o perfil que citei acima.
Se a eleição é convencimento, nada melhor do que articular TV-Internet-conteúdo em ações de marketing que possam transmitir mensagens melhor elaboradas e mais verdadeiras.
Outra tendência interessante, a qual veremos, também, na próxima década é o conceito da "campanha sustentável" ou "eleições limpas". Neste caso não estamos citando a limpeza como honestidade, honradez e ética, mas sim como asseada e ecológicamente correta. Uso de materiais alternativos e papel reciclado, além da restrição a pintura de muros (a tinta possui elementos tóxicos) são algumas das armas que estarão disponíveis nas próximas eleições.
Entre a limpeza ética e a limpeza das ruas eu fico com a primeira, mas se ainda não podemos exigir tanto de boa parte da classe política, ao menos desejamos ver campanhas mais asseadas e comprometidas com a sustentabilidade e com o conteúdo das idéias.
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