Em Maceió, capital de Alagoas, turistas desavisados foram pegos de surpresa quando caminhavam por uma das belas praias da cidade. Uma singela construção com três portas indicava que ali existiam banheiros públicos. Na porta da esquerda estava escrito “Elas”. Na porta da direita lia-se “Eles”. E foi um verdadeiro espanto quando os visitantes perceberam que na porta do meio estava escrito “CASAL”! Para os mais conservadores aquilo era um absurdo e para os mais liberais uma excelente idéia. Com a intenção de desfrutar da novidade os mais afoitos tentaram adentrar o exótico recinto, mas, para a decepção de todos, a porta levava apenas a uma “casa de máquinas”. Lá dentro descobriram a “charada”. Era a casa de máquinas da CASAL: Companhia de Águas e Saneamento de Alagoas!
É interessante notar a curiosidade das pessoas em relação às informações escritas nas ruas (e praias!) das cidades. Não me refiro ao “entulho” de publicidade, palavras em inglês e aos intermináveis erros de português, que confundem os “leitores-transeuntes”, vítimas das intermináveis propagandas espalhadas por todos os lugares. Refiro-me às chamadas informações oficiais, ou seja, a indicação de ruas, placas, sinalizações e demais tipos de orientações que são prestadas à serviço da população.
Nos Estados Unidos, um interessante projeto de segurança pública fez com que algumas simples placas contendo uma singela informação se transformassem em um poderoso aliado na luta contra a criminalidade.
A experiência era simples: moradores de determinados bairros eram organizados e orientados a, literalmente, vigiar as suas casas, as casas dos vizinhos e as imediações contra possíveis criminosos. O projeto se baseia num princípio simples, qual seja, o fato de que as pessoas têm janelas, que conhecem os moradores e vizinhos de seus respectivos bairros e que, destas mesmas janelas, observam os movimentos nas calçadas e acionam a polícia quando ocorre qualquer atitude suspeita provocada por um estranho.
Numa primeira etapa os moradores realizavam encontros de confraternização, a fim de estreitar os laços da comunidade, dividir experiências e temores, além de compartilhar o sentimento de que a preocupação com a segurança da área em que vivem é uma unanimidade entre os cidadãos e que, portanto, a responsabilidade por esta segurança também deve ser de todos. Uma vez transcorridos os encontros, os moradores recebiam diversas informações sobre como proceder em caso de detectar alguma atitude suspeita na área. Porém, o mais importante componente do projeto era justamente a informação. Nos bairros que participavam do projeto, foram instaladas placas com os seguintes dizeres: “Pessoas Olhando”.
O efeito psicológico desta informação foi devastador. Afinal, do ponto de vista do agente criminoso cabe a pergunta: quem garante que eu não esteja sendo vigiado enquanto tento arrombar uma porta, abrir um carro ou assaltar uma casa? Por outro lado, do ponto de vista dos moradores do local, a sensação de segurança crescia cada dia mais, à medida em que os cidadãos estreitavam seus laços de solidariedade e confiança mútua.
A grande “arma” deste projeto foi a informação utilizada de maneira criativa e esclarecedora. Afinal, uma boa informação pode dirimir quaisquer dúvidas para aqueles que, por alguma razão, se interessem por elas, como o caso do criminoso americano ou dos afoitos e curiosos turistas de Alagoas... ambos, de uma maneira ou de outra, com más intenções!