quinta-feira, março 08, 2007

Economizando Tempo e Melhorando o Nível

Tem muita gente boba escrevendo e falando tolices sobre a visita de Bush e seu esquema de segurança. Tem também muita coisa sem muito valor sendo publicada por causa do Dia Internacional das Mulheres. Meu post sobre a origem do Dia Internacional das Mulheres (publicado um pouco abaixo)é um exemplo. É só uma curiosidade e não contribui muito para os debates realmente edificantes sobre o assunto. A auto-crítica, além de saudável, deve ser um exercício diário.
Então, como sabem, com este pouco tempo que tenho nesta data, darei minha contribuição de forma indireta. Publicarei dois textos do Reinaldo Azevedo, um desses jornalistas que ainda escrevem e debatem em alto nível, estilo refinado e muitas vezes beirando a erudição. Por outro lado, minha melhor contribuição aos meus alunos, penso eu, será dada nesta noite. Como alguns de vocês sabem, receberemos um sociólogo chamado Rafael Belletti. Após viver 1 ano e meio em Luanda, capital de Angola, e ter vivenciado situações incríveis e fotografado a maior parte do país, Belletti conversará conosco nesta noite no curso de antropologia e cultura e abordará a questão da situação da Mulher angolana.
Trata-se de um retrato, uma amostra do que boa parte das mulheres africanas vivem em seus respectivos países e, portanto, uma oportunidade rica para realizarmos nossas reflexões sobre o assunto. Espero que gostem, tanto dos posts, quanto da visita ilustre que teremos nesta noite.

Cuidado com o vira-lata

Por Reinaldo Azevedo
Portal da Revista Veja (08/03/2007)

O noticiário sobre o esquema de segurança de George W. Bush no Brasil está roçando, a alguns milímetros mesmo, o complexo de vira-lata (Nelson Rodrigues) dos brasileiros. É claro que é um troço gigantesco. E tem de ser mesmo, ora essa. Queriam o quê? Quantos gostariam de ver o presidente americano deitadinho, de costas, com as mãos postas? Guardadas as devidas proporções, o Brasil se preocupou até mais com o transporte de Fernandinho Beira-Mar. Isso diz um tanto de como anda a segurança interna no Brasil. O país não consegue impedir a entrada de celular em presídio e fica moralizando o esquema de segurança do presidente americano? Hora de ler Genealogia da Moral, de Nietzsche. Podemos encarar o fato com o peso que tem — ele é o homem mais poderoso do planeta — e podemos fazê-lo movidos por paixões escravas: “Quem ele pensa que é?” Ele não pensa. É.

Mulheres

Por Reinaldo Azevedo
Portal da Revista Veja (08/03/2007)

"Jantei com um grupo de amigos no sábado. Entre eles, estava o presidente do conselho de administração de uma grande empresa, gigante em seu setor. Dizia-se surpreso com um dado da realidade: entre os candidatos a estagiários e a jovens executivos — engenheiros, administradores, pessoal de marketing —, 80% são mulheres, boa parte delas com currículos mais robustos do que os dos rapazes. Ele chegou àquele ponto em que pode se ocupar destas coisas: a renovação dos quadros da empresa, o acompanhamento das dinâmicas de grupo, os debates internos...

Segundo constata, o grau de agressividade das moças na disputa pelos cargos é muito maior do que o dos homens. Também conseguem, diz ele, ser muito mais cruéis. São mais dedicadas ao trabalho, não partilham de certa camaradagem que ainda há entre os rapazes — eles tendem a encobrir os erros uns dos outros, afirma — e, à diferença do que se supõe, tendem a decidir com mais objetividade. O que atrapalha a carreira das mulheres? Ele tem certeza: ainda é a maternidade — a que muitas executivas renunciam.

Não tenho números — raramente escrevo sobre eles, e sim sobre qualidades. Mas não seria difícil a qualquer um, feminista ou não, provar que a quantidade de mulheres no comando ainda não retrata a sua formação média na comparação com os homens. Acho que é questão de tempo. Nas carreiras que não pedem, vá lá, um tantinho a mais de testosterona (jornalismo, por exemplo), elas já são maioria. No dia em que a estiva estiver toda informatizada, talvez aconteça o mesmo... Na véspera do Dia Internacional da Mulher, constato: ser homem está se tornando, do ponto de vista social e político, um péssimo negócio. Até no que concerne aos valores, digamos, morais, acontece o mesmo: guerras, disputas, comportamento predador, máfia, narcotráfico, genocídio... A culpa é sempre do macho.

Pessoalmente, fico até contente. Tenho duas filhas. Prefiro um mundo mais amigável às mulheres. Sou curioso quanto ao futuro. Que papel estará reservado aos homens? Independentemente da opção sexual (homo, hetero ou total flex) deles, estão se “feminilizando” na vestimenta, nos hábitos, nas disputas. Jogadores hoje mais se beijam do que se chocam em campo. Um beijo, na nossa cultura, comporta sempre algum apelo sensual. Mas é óbvio que as bitocas nada têm de (homo)sexual. É que eles se obrigam à ternura.

Boa parte do que se considera o comportamento civilizado nas escolas da classe média é um padrão feminino. Os garotos se sujeitam à ditadura das garotas. Elas se tornam mulheres primeiro do que eles se fazem homens. Durante um bom tempo, eles experimentam uma espécie de humilhação sexual: moleques de 12 ou 13 anos são esmagados, sentimentalmente, por quase-mulheres da mesma idade, não raro com todos os sinais evidentes da maturidade sexual. Concorre também para esse quadro o fato de que a maioria dos especialistas em educação são “as” especialistas. Olham o mundo masculino como um conjunto de impulsos a ser refreado, domesticado, mitigado, enquadrado.

Escrevi certa feita um texto em que afirmei que o verdadeiro negro do mundo é o macho branco, heterossexual e pobre. Muita gente protestou, claro. Mas é fato. Ele não rende uma boa causa, e nenhum militante se interessa por seus problemas. Reivindicar o quê? Qualquer forma de proselitismo cheiraria a reacionarismo, a uma tentativa de fazer a sociedade regredir a um estágio anterior, em que a desigualdade era a norma. É claro que o que digo aqui tem também um viés que poderia ser considerado, sei lá, de classe. No povão, ainda não é assim. Boa parte das famílias pobres é chefiada por mulheres. E não por afirmação feminista, mas porque os maridos somem, dão no pé, migram, desaparecem, deixando atrás de si as responsabilidades. Mas também isso é uma questão de ajuste. A tendência está mais do que esboçada. O mundo é das mulheres. Quem tem de se perguntar hoje “o que fazer?” são os homens.

Elas estão à frente também do que se chamava antigamente “indústria cultural”, oferecendo valores, propondo novos comportamentos, ditando o ritmo até do avanço científico em certas áreas. A Veja desta semana deixa claro o quanto a medicina se ocupa das mulheres. Só um lobby é, talvez, mais poderoso do que o feminino na cultura ocidental: o gay — mas, nesse caso, não se pode dizer que se trata exatamente da apologia do mundo masculino.

Viram O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee? As esposas são seres deploráveis: uma é histérica, e outra é idiota. E os dois pastores se entregam a folguedos rurais. Quando elas aparecem, o ambiente é sempre pequeno, opressivo, cheio de cacarecos no cenário. Já eles se amam na paisagem aberta, que conspira a favor do romance. Ainda que haja um esforço para se construir um drama psicológico, não vê o aspecto misógino do filme quem não quer. As feministas não protestaram porque os gays são seus aliados na luta anti-homem. Aposto que Ang Lee, o diretor, detesta mulher. Se os machos deixassem em casa as suas fêmeas para jogar sinuca, futebol ou transar com prostitutas, o diretor seria hostilizado. Como o faziam para cair um nos braços do outro, então se falou que ele fez um filme “sensível”. Jogaram-lhe flores.

Além do aspecto político — não enfrentar o poderoso lobby gay —, deve querer dizer alguma coisa o fato de que as mulheres só aceitam ser segregadas no caso de os homens compartilharem uma espécie de paixão narcisista, estéril, de que elas não têm como participar. Fora isso, nem vem que não tem: elas já estão prontas para humilhar você também na sinuca, amigão. Deplorando sempre, é claro, seu jogo agressivo e a sua mania de querer ganhar sempre. Não gostou? Suba a montanha. Os que ficamos na planície constatamos uma revolução em curso.

Não reclamo. Apenas constato. E até aplaudo."

Como Surgiu o Dia Internacional das Mulheres

Greve de mulheres em Nova York e na Rússia deu origem à data.

Oito de março de 1857. Nesse dia, cerca de 130 mulheres entraram em greve e morreram queimadas dentro da fábrica de tecidos, em Nova York, nos Estados Unidos, onde trabalhavam. Outra paralisação, desta vez na Rússia, também colaborou com a instituição do Dia Internacional da Mulher.

As operárias da fábrica de tecido entraram em greve para pedir a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas e o direito à licença maternidade. A polícia interveio. As mulheres foram trancadas na fábrica e morreram carbonizadas.

Em 1910, em uma conferência em Copenhague, na Dinamarca, foi decidido que o Dia Internacional da Mulher seria no dia 8 de março. A data só foi reconhecida em 1975 pela Organização das Nações Unidas.

Em 1917, as mulheres russas fizeram uma greve que foi o estopim para a revolução naquele país. “Este é outro caso de luta das mulheres”, diz a integrante da Sempre Viva Organização Feminista, Sônia Maria Coelho.“A data homenageia a capacidade de organização e coragem das mulheres”, afirma.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo (07/03/2007)

Dia Internacional das Mulheres

Tenho muito o que escrever hoje. Dia Internacional das Mulheres e a Visita do presidente Bush ao Brasil. O problema é que também tenho muito trabalho neste 08 de março!
Tentarei mais tarde escrever, mesmo que pequenas notas sobre ambos os temas.

quarta-feira, março 07, 2007

Post Sem Educação!!!

Caros,
As palavras dos posts sobre a Importância da Educação estão praticamente todas sem o acento Til (~). Não se trata de um erro ortográfico, mas sim de algum problema do Blogger que eliminou os pobres símbolos utilizados para indicar a nasalação das vogais e/ou dos ditongos de que fazem parte.
Ironicamente, o Post sobre Educação me pareceu muito mau educado!!!
Peço que, apesar do problema técnico, não deixem de ler o conteúdo das matérias publicadas.

Temas Sobre Educação

Nos próximos dois posts reproduzirei uma matéria da revista Exame (Edição 886 – 08/02/2007) que mostra o quão importante é o investimento em educação para a melhoria da qualidade de vida como um todo. O enfoque da matéria está na questão econômica e mostra que quem tem formação superior, ganha melhor e fica mais tempo no emprego.
Recentes estudos também demonstraram que existe relação entre tempo de escolaridade e longevidade, ou seja, quem estuda mais, vive mais. A matéria é grande, mas entendo ser de suma importância para todos os universitários que pretendem entender melhor o que estão fazendo em um curso superior e quais os resultados que podem obter com este investimento. Espero que gostem.

A Importância do Estudo I

Fonte:
- Revista Exame
- Edição: 886, de 08/02/2007
- Autora: Suzana Naiditch


Desde pequeno, ouvimos de nossos pais “vá estudar”, e a frase ecoa em nossas cabeças como sinos insistentes em badalar. Na maioria das vezes, no entanto, nao processamos a real importância dessas palavras.
Na atualidade, esse continua sendo o tema de discussão de grandes veículos de opinião nacional e, numa recente pesquisa, ficou provado que realmente vale a pena investir na educação.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Diante da crise do desemprego, existe um caminho para o crescimento, esperança, motivação e confiança! A resposta é: ALTA TAXA DE EMPREGABILIDADE, ou seja, aquele que possuir elevado nível de competência, estiver informado do mundo dos negócios, buscar novos conhecimentos e estiver apto a assumir responsabilidades, mudanças, desafios e metas, será um profissional mais preparado para o mercado de trabalho.
Todo esse conjunto de atividades requer um planejamento pessoal e profissional, ou seja, um Projeto de Vida! Um recente estudo revelou que existe uma relaçao direta entre o grau de instruçao e o crescimento de remuneraçao.
As pessoas com maior grau de instruçao apresentam menor taxa de desemprego, principalmente aquelas vinculadas ao ensino superior, diferente daquelas com pouca instruçao que acabam por aceitar qualquer tipo de emprego, até o subemprego. De acordo com os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do IBGE, fica evidente o crescimento salarial relacionado ao estudo. Somente com uma graduaçao, diploma de um curso superior, seu salário já cresce 168%. Concluindo uma pós-graduaçao, seu salário aproxima-se dos 4 mil reais com mais 51% de aumento.
Esses números comprovam a necessidade de conhecimento e ensino. Isso influencia o aluno, mas numa visao macro, também o seu país. “Essa deficiencia provoca perda de competitividade do país em relaçao a economias com as quais disputa o mercado global. Ou seja, enquanto a educaçao brasileira nao der um salto qualitativo, o país continuará patinando” diz Alberto Rodriguez, especialista em educaçao do Banco Mundial a revista Exame de 27 de setembro de 2006. Entao voce se pergunta, por que o salário baixo?
Novamente a resposta: porque o brasileiro aprende pouco e se interessa pouco. Quem se interessar, estudar, pesquisar e se desenvolver vai ganhar mais, vai se destacar.

TEMPO MÉDIO DE ESTUDO

Nessa mesma matéria, o economista americano Edward Glaeser, professor da Universidade de Harvard e estudioso dos efeitos da educaçao sobre o desenvolvimento das sociedades afirma: “A educaçao é um dos motores do crescimento”.
O brasileiro estuda em média 5 anos, contra 11 do coreano, 9 do argentino e dez da maioria dos paises desenvolvidos. Se o brasileiro estudasse 12 anos como os americanos, a renda nacional seria mais que o dobro da atual.

TAXA DE ANALFABETISMO

Outra questao relevante diz respeito a Taxa de Analfabetismo. Enquanto países como a China e o México tem taxas em torno de 9,0% e 8,0% respectivamente, o Brasil apresenta 13,0%, índice extremamente alto para um país que busca competitividade mundial.
Cabe destacar alguns países com o a Rússia que apresenta 0,5% de analfabetos e o Canadá que erradicou esse problema tendo taxa de 0,0%.

PESQUISA DATAFOLHA

Uma pesquisa realizada pela Datafolha, revela que do perfil academico dos entrevistados: 87% graduaram-se no ensino privado. A pesquisa levantou dados com 161 executivos em empresas de grande, médio e pequeno porte, selecionadas por regiao e ramo de atividade para garantir a representatividade da amostra.
Esta pesquisa mostra ainda que, para 24% dos entrevista Esta pesquisa mostra ainda que, para 24% dos entrevistados, a maior ameaçãa a carreira é a desatualizaçao.
Sem querer correr esse risco 30% já cursaram Pós-Graduaçao. a de S. Paulo) de 20/09/2006, verifica-se que o salário inicial médio de pessoas com formaçao de curso superior, varia entre R$ 1.363,00 e R$ 2.000,00 (Grande Sao Paulo).

A seguir algumas profissoes e salários consultados:
Analista Júnior................................R$ 1.466,00
Analista Econ. – Financ......................R$ 1.983,00
Analista de Sistema Jr....................... R$ 1.363,00
Assistente de Contabilidade.................R$ 978,00
Assistente de Exportaçao...................R$ 1.228,00
Chefia de Planej. Contr. Prod...............R$ 1.678,00
Supervisor de Marketing.....................R$ 1.615,00
Supervisor de Vendas........................R$ 1.394,00
Advogado Júnior..............................R$ 2.229,00
Editor Assistente..............................R$ 2.128,00
Enfermeira Hospitalar........................R$ 1.626,00
Engenheiro Civil Júnior......................R$ 1.992,00
Engenheiro Mecânico Júnior................R$ 1.858,00
Engenheiro de Produçao....................R$ 2.346,00
Farmaceutico.................................R$ 1.752,00
Fisioterapeuta (hospitalar).................R$ 1.105,00
Psicólogo......................................R$ 993,00

Conclui-se entao que a pessoa ao fazer um bom Curso Superior, coloca-se frente a um mercado, cujo salário inicial é em média o triplo do seu investimento em mensalidades e materiais didáticos.
Além disso, existem benefícios adicionais para quem faz um curso superior como o networking, a inclusao social, a possibilidade de abrir um negócio próprio e a preparaçao para a vida de uma forma geral.

NETWORKING

A palavra networking é de origem inglesa, e significa rede de relacionamentos.
Ao fazer uma faculdade o aluno tem como benefício além do conhecimento adquirido, ampliar sua rede de amizades, o que lhe permite ter mais informação sobre o que ocorre em outras empresas tais como novidades de mercado, modernas técnicas de negócios, nível de salários, etc.
Uma pesquisa recente feita em várias universidades brasileiras apresentou entre outras curiosidades um grande número de jovens que acabaram conhecendo seu namorado ou namorada que por fim terminaram em casamentos. Assim, a faculdade acaba transformando vidas não só no campo profissional mas também no aspecto pessoal.

INCLUSÃO SOCIAL

A inclusao social é um processo para a construçao de um novo tipo de sociedade, através de transformaçoes nos ambientes físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios mobiliário e meios de transporte) e na mentalidade de todas as pessoas e, portanto, também do próprio portador de necessidades especiais.
Na educaçao, a inclusao destaca-se na oportunidade do acesso ao ensino superior. Algumas instituiçoes de ensino tem dirigido seus programas para isso e, entre as que se destacam, podemos citar a Anhanguera Educacional que tem conseguido equilibrar de forma eficaz a relaçao entre o custo da mensalidade com a qualidade do ensino.
Hoje, devido a esse pioneirismo, inúmeros jovens e adultos tem conseguido seus diplomas de cursos superiores e, com isso, incluir-se em grupos dos quais estavam distantes anteriormente.

NEGÓCIO PRÓPRIO

Por vocaçao natural ou devido as dificuldades financeiras geradas pelo sistema econômico nacional, o negócio próprio é uma maneira que o profissional encontra para garantir uma renda.
Possuir o ensino superior hoje, significa ter conhecimentos suficientes para o futuro empresário ingressar nesse mercado competitivo em um negócio próprio, com possibilidades reais de sucesso.
Como exemplo, temos o médico veterinário que pode abrir sua própria clínica, o advogado que pode ter seu escritório de advocacia, um bacharel em letras apto a lecionar com aulas particulares, um fisioterapeuta que pode atender em sua clínica ou a domicílio entre outros casos.
O que se observa, portanto, é que o ensino superior abre um maior leque de oportunidades para pessoas que já tem vocaçao empreendedora, assim como para aqueles que por alguma circunstância específica se colocam frente a uma necessidade de ter seu próprio negócio.

A Importância do Estudo II

A nova face do operário
Ele tem formação superior, ganha melhor e fica mais tempo no emprego é o que mostra um estudo exclusivo de EXAME

Por Suzana Naiditch

O gaúcho Lindomar Machado representa uma espécie em extinção na indústria brasileira. Aos 50 anos, o operário da linha de produção da fabricante de carrocerias Randon mal sabe ler, não concluiu o Ensino Fundamental e faz hoje rigorosamente o mesmo que há 23 anos, quando foi contratado. Durante 8 horas por dia, solda carrocerias, exercendo uma função que lembra o célebre personagem de Charles Chaplin no filme Tempos Modernos. Seu filho, Fernando, de 23 anos, é a personificação de por que não há no futuro lugar para profissionais como Lindomar. Ele também é operário. Também trabalha na Randon. Mas sua bagagem educacional é infinitamente maior. Fernando cursa atualmente faculdade de administração de empresas, freqüenta aulas de inglês e participou de vários treinamentos técnicos oferecidos pela companhia. Graças à sua formação, pôde abandonar o trabalho mais bruto e operar máquinas sofisticadas na linha de produção. Apenas três anos após entrar na Randon, Fernando passou a ganhar o mesmo salário que o pai e, segundo seus superiores, não tardará para que ganhe duas ou três vezes mais. "Pessoas como Lindomar são de um tempo em que operários entravam e saíam de uma empresa fazendo absolutamente a mesma coisa e ganhando o mesmo salário", diz Maria Tereza Casagrande, executiva de recursos humanos da Randon. "Esse tempo, porém, está acabando."

A transformação do chão de fábrica
Principais diferenças entre o operário de 20 anos atrás e o de hoje(1)

A formação melhorou
Em 1985 7% tinham terceiro grau completo
Hoje 35% têm terceiro grau completo

Eles ganham mais
Em 1985 12% recebiam mais de dez salários mínimos
Hoje 33% recebem mais de dez salários mínimos

E ficam mais tempo no emprego
Em 1985 36% ficavam mais de cinco anos no emprego
Hoje 46% permanecem mais de cinco anos no emprego

Pesquisa elaborada com base na lista das 150 Melhores Empresas Para Trabalhar Fonte: Unicamp

As notórias diferenças entre as duas gerações da família Machado simbolizam à perfeição uma mudança radical observada no chão de fábrica das empresas brasileiras a face do operário nacional transformou-se nos últimos 20 anos. Para melhor. Segundo estudo encomendado por EXAME a Marcio Pochmann, professor da Universidade de Campinas e um dos maiores especialistas brasileiros em trabalho, hoje o operário nacional estuda mais, ganha melhor e passa mais tempo no emprego. A mudança mais dramática é em seu grau de formação. Em 1985, apenas 7% dos funcionários da linha de produção das 150 melhores empresas brasileiras para trabalhar tinham completado o Ensino Superior. Hoje, são 35%. A elevação na escolaridade trouxe um aumento significativo nos ganhos. Duas décadas atrás, apenas 12% dos operários recebiam mais que dez salários mínimos. Hoje, um terço recebe salário superior a 3 500 reais, o que os coloca no topo da pirâmide social brasileira. "Essa foi a maior revolução que o país já viveu em suas fábricas", diz Pochmann.

As duas gerações da família Machado simbolizam as transformações no perfil do operário nos últimos 20 anos. Lindomar Machado, de 50 anos, nunca completou o Ensino Fundamental. Ele trabalha na fabricante de carrocerias Randon, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, há mais de duas décadas, sempre na mesma função de soldador de carretas. Seu filho, Fernando, de 23 anos, seguiu caminho oposto. Fez cursos técnicos na empresa e decidiu aprender inglês. À noite, cursa administração de empresas numa universidade privada, com subsídio da Randon. Ao contrário do pai, cujo trabalho exige força, ele opera equipamentos automatizados, que exigem conhecimento. Pai e filho recebem o mesmo salário e Fernando está na empresa há apenas três anos.

A EVOLUÇÃO TECNOLOGICA transformou praticamente todas as profissões nos últimos 20 anos. Todos foram forçados a entender o funcionamento da internet e a adequar-se à rapidez nas comunicações. Médicos, engenheiros, advogados, banqueiros -- uma lista interminável. Quando se analisa o que ocorreu no chão de fábrica das companhias brasileiras, porém, percebe-se que essa transformação atingiu patamares incomparáveis. Há um motivo principal para isso: as peculiares (e colossais) mudanças por que passou a economia brasileira de 1985 para cá. Observados em separado, os dois momentos revelam países radicalmente diferentes. O primeiro tinha uma economia fechada e instável, reserva de mercado para negócios ineficientes e um ambiente competitivo em que poucas empresas se arriscavam a vender os produtos nacionais no exterior. O segundo tem economia aberta (menos aberta do que deveria, vale lembrar), moeda estável e empresas que se viram forçadas a disputar o mercado global com seus concorrentes. Essas mudanças trouxeram ao ambiente empresarial a obrigação de elevar seu padrão de produtividade para sobreviver. Com a importação de máquinas facilitada pela abertura comercial, as companhias compraram equipamentos que substituíram o trabalho braçal e repetitivo dos operários nas fábricas. O que se viu, então, foi uma elevação notável nos índices de produtividade. Em 1985, cada trabalhador da indústria automotiva produzia oito veículos por ano. Hoje, produz 30 (nas fábricas mais modernas, chega a 60). A produtividade das siderúrgicas quadruplicou no período. Na indústria têxtil, quintuplicou e números semelhantes são observados em cada um dos setores da economia.
Salton
Valcir Toffoli, de 58 anos, é o cantineiro-chefe da vinícola Salton, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Aprendeu o ofício na prática, em barricas de madeira. Agora passa por uma situação constrangedora: comanda um grupo de jovens na faixa dos 20 anos, com formação superior ou técnica em enologia, que sabem o que o chefe desconhece — operar os modernos tanques de aço inoxidável, controlados por computador.

Nesse processo, os operários que exerciam funções menos complexas viram seu emprego simplesmente sumir e quem sobrou passou a exercer funções que lembram pouco a dos torneiros mecânicos e soldadores, tão comuns nas linhas de produção dos anos 70 e 80. Hoje, o operário é uma espécie de minigerente, cujas funções mudam a cada inovação tecnológica ou reorganização dos processos de produção. "Nesse ambiente, as empresas precisam de trabalhadores que pensem e interpretem o que lêem e vêem", diz Denise Asnis, responsável pela área de recursos humanos e educação corporativa da Natura. "Precisam ter capacidade de abstrair, entender, somar, dividir." Como as empresas eliminaram um sem-número de funções de supervisão (sempre com os olhos voltados para o corte de custos), o novo operário ganhou altas doses de responsabilidade pelo que acontece em seu departamento. Recentemente, a Natura acabou com a função de líder nas fábricas e entregou a gestão das unidades aos próprios operários. Para adaptar-se à nova realidade, a operária Maria Soares de Camargo, de 32 anos, teve de cursar faculdade de administração de empresas para familiarizar-se com os mais modernos mecanismos de gestão. No novo cargo, seu salário pode dobrar. Todos os envolvidos têm clareza quanto ao nível acadêmico da maioria das universidades freqüentadas por operários como Maria Soares -- no mínimo duvidoso. "Mas, mesmo com cursos ruins, freqüentar uma universidade ajuda o operário a ter experiência de vida, de relacionamento e a estar num ambiente de discussão, o que já é alguma coisa", diz Denise.

Natura
Quando começou a trabalhar como operária na Natura, Maria Soares de Camargo tinha apenas 16 anos e o Ensino Fundamental. Dentro da empresa, completou o Ensino Médio e tornou-se líder de produção. Em julho do ano passado, essa função foi extinta. Para ser promovida a analista, era preciso ter curso superior — desde outubro de 2006, ela cursa administração de empresas.
O esforço para educar funcionários tornou-se, necessariamente, um hábito. Vinte anos atrás, contratar operários era tarefa relativamente simples: bastava colocar um aviso na porta e recrutar os primeiros que aparecessem. Com as novas funções, o que era simples tornou-se uma complicação. É preciso encontrar, em meio à multidão de trabalhadores com formação precária lançados no mercado a cada ano, aqueles com potencial para encaixar-se nos padrões atuais. Note bem: com potencial. São raros os profissionais que já vêm prontos, o que força as empresas a investir o dinheiro do acionista em treinamento e bolsas universitárias. Companhias como Embraco e Saint-Gobain investem anualmente cerca de 0,5% do faturamento na formação de seus operários. Até os anos 80, parte do esforço das empresas concentrava-se na tarefa de alfabetizar funcionários. Hoje, não saber ler e escrever significa simplesmente a exclusão do mercado mesmo para as tarefas mais simples. É isso que explica o descompasso entre vagas abertas e filas de desempregados tentando se colocar. Encontrar o profissional adequado é tão difícil que muitas empresas simplesmente desistem e deixam as vagas abertas. A Natura acaba de eliminar 1 500 candidatos com Ensino Médio completo num processo de seleção os testes mostraram que são analfabetos funcionais. Ou seja, sabem ler, mas não entendem o que lêem. A Saint-Gobain demitiu 300 analfabetos do chão de fábrica por considerar que eles não tinham condições mínimas de operar os novos equipamentos da linha de produção. "A mudança foi obrigatória para manter a empresa competitiva", diz Raul Navarro, diretor de recursos humanos da Saint-Gobain.

Embraco
Antônio do Prado, operário da catarinense Embraco, fabricante de compressores, já esteve duas vezes na China. Foi enviado pela companhia para treinar trabalhadores da fábrica que a empresa tem naquele país. Há 16 anos na Embraco, Prado começou como auxiliar de produção e já fez mais de 800 horas de cursos oferecidos pela empresa.

TAMANHO RIGOR NA CONTRATAÇÃO e na formação dos operários deve-se a seu papel crucial no desempenho das empresas. Hoje, cada companhia investe na construção de uma linha de produção que a coloque num patamar superior em relação à concorrência. Ter profissionais que dominam os métodos e a linguagem dos negócios é visto como essencial. A maior prova dessa evolução pode ser encontrada nas multinacionais brasileiras, companhias que compraram ou abriram fábricas no exterior. Até recentemente, essas empresas enviavam para fora do país apenas um punhado de executivos, que comandariam a mão-de-obra local. Hoje, companhias como Votorantim Cimentos, Camargo Corrêa, Ambev e Gerdau expatriam operários para administrar suas linhas de produção internacionais, implementar seus sistemas e treinar os trabalhadores locais. O catarinense Antônio do Prado, funcionário da Embraco, líder mundial na produção de compressores, foi enviado duas vezes à China para passar adiante a cultura do chão de fábrica na subsidiária. "Nunca tinha viajado de avião, muito menos saído do Brasil", diz Prado. A primeira viagem aconteceu em abril de 2006. Na comitiva de 15 pessoas, seis eram operários como ele. "Implementar nossas técnicas de manufatura na China foi extremamente difícil."É consenso entre os especialistas que há inúmeros passos a dar na evolução da classe operária brasileira. Essa transformação ainda está pela metade, o que gera situações constrangedoras nas empresas. É o caso da Salton, maior vinícola do país. Seu chefe da linha de produção, Valcir Toffoli, de 58 anos, cresceu na hierarquia de uma empresa que tinha métodos de produção parados no tempo. O vinho era fabricado artesanalmente, em antiquados tanques de madeira. O choque causado pela enxurrada de vinhos importados, nos anos 90, fez com que essa empresa deixasse de existir. Nos últimos cinco anos, a Salton modernizou sua fábrica, comprou tanques de aço inox, e a produção de vinho passou a ser controlada por meio de toques na tela do computador -- que faz tudo que os operários antigos faziam. A produtividade triplicou. "Deixei de estudar há 40 anos, não tenho capacidade para lidar com informática", diz Toffoli. Seus subordinados são exponencialmente mais bem formados. Na faixa dos 20 anos, dominam o manuseio das máquinas, estão concluindo cursos de enologia e discorrem com naturalidade sobre os processos microbiológicos da vinificação. Enquanto o chefe, com mais de duas décadas de casa, ganha cerca de seis salários mínimos, os garotos da Salton já ultrapassaram os quatro salários. E acabaram de começar.

A QUALIDADE E O PREÇO da mão-de-obra estão entre as variáveis mais importantes na decisão de investimento das empresas -- mais que isso, ajudam a explicar a bonança econômica de algumas economias e a estagnação de outras. A China cresce estrondosamente, em boa medida porque o custo de seus operários é ainda baixíssimo. Um funcionário da indústria automotiva chinesa custa 2 dólares por hora, ante quase 41 dólares de um operário alemão. Mesmo que tenha má formação e a produtividade seja baixa (como é), o custo compensa o investimento por lá. E, embora seja altamente produtivo, o operário alemão é caro demais, o que leva as montadoras a abrir fábricas no Leste Europeu e a fechar suas linhas de produção na Alemanha. Na Coréia, o investimento em educação formou uma classe operária extremamente produtiva e não tão cara quanto a alemã. De acordo com um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um trabalhador coreano produz em média duas vezes mais que o brasileiro -- que, nem tão barato quanto o chinês nem tão eficiente quanto o coreano, coloca o país numa espécie de meio-termo nefasto para as empresas. "Para piorar a situação do Brasil, as novas gerações chinesas estão recebendo mais educação que as novas gerações de brasileiros e, daqui a alguns anos, esse esforço vai torná-los mais qualificados que nós", diz o economista José Alexandre Scheinkman, da Universidade de Princeton.Segundo os especialistas, é na direção da Coréia que o Brasil deve seguir: um investimento pesado em educação, especialmente para crianças e jovens, colocaria à disposição das empresas funcionários capazes de sustentar ainda mais seus investimentos em tecnologia e tornar o país mais competitivo. "É urgente melhorar a qualidade de nosso ensino, porque os alunos brasileiros têm desempenho muito ruim se comparados a alunos de países desenvolvidos ou até mesmo a outros emergentes", diz Scheinkman. "Só assim os países enriquecem." O trabalhador brasileiro já passou por uma transformação radical nos últimos 20 anos é um passo considerável. A dúvida é se o mundo esperará outros 20 anos pelas mudanças que ainda precisam acontecer.

terça-feira, março 06, 2007

Preciso de Ajuda

Caros leitores,
Preciso de um apoio de todos. Nesta manhã eu calculei o quanto de imposto eu paguei ao Governo Federal durante o ano de 2006. O total é de R$14.756,82. A Receita Federal considera que ainda não foi suficiente e quer mais algo em torno de R$2.000,00. Isso chegaria a quase 17 mil reais entregues para a máquina petista instalada no Estado brasileiro. Não consegui calcular os impostos que estão embutidos até no café que tomo na estrada quando vou para São Paulo dar aulas.
Também não consegui visualizar absolutamente qualquer serviço prestado a mim, pelo Governo Federal, durante o ano de 2006. O único serviço que usei foi durante o mês de janeiro, quando viajei por uma rodovia federal. Mas não vale, porque os buracos quebraram a suspensão de meu carro e o conserto foi alto o suficiente para eu chegar a quase 20 mil se somar o estrago que o serviço público fez nas minhas férias.

Gostaria de contar com uma ajuda de todos no seguinte sentido:
Encontrem para mim qualquer serviço público que eu possa ter utilizado e que justifique os valores que paguei ao governo federal. Para contribuir com o exercício, aí vão algumas informações importantes:
1- Tenho Plano de Saúde Privado;
2- Estudei em uma Universidade Pública ESTADUAL, cujo orçamento é proveniente do ICMS;
3- Meu Plano Odontológico é Privado;
4- As estradas que uso são Privadas;
5- Uma vez chamei a Polícia, mas ela é estadual e praticamente não conta com nenhum recurso federal para sua manutenção.

Por favor, contribuam com respostas!