sexta-feira, março 02, 2007

O Jornalismo Vagabundo e a Retórica Malandra

Um país miserável se faz de várias maneiras: desequilíbrio na distribuição de renda, altos índices de violência, baixa esperança de vida para jovens do sexo masculino residentes nas periferias das grandes cidades, falta de educação formal, ausência de civismo, corrupção, intolerância, crime organizado, fragilidade das instituições democráticas e uma infinidade de outras características tão presentes em nosso cotidiano.

Mas existe também um tipo de problema que invariavelmente se manifesta em tais ambientes e com bastante ênfase no Brasil: é a miséria moral.

Existem diversas formas de entendermos a miséria moral e para compreendê-la devemos partir da definição do que significa a palavra moral. Se o termo pode ser expresso com sinônimos como ética, caráter, valores e costumes, temos que sua miséria representa a ausência dos elementos fundamentais que o exprimem. Estamos abarrotados desses exemplos, em todos os campos. Vejam que interessante como nossa miséria moral pode ser manifestada no jornalismo vagabundo que se faz aqui no Brasil.

Matérias dos Portais de Economia do UOL e do Terra apontaram que o PIB brasileiro em 2006 fechou “acima das expectativas”. O percentual é de 2,9%. Comparando com os demais países latino-americanos nosso PIB só é maior do que o PIB daquela potência econômica chamada Haiti. Lula disse que seria 5%, o mercado previa até 2,8% e quando o resultado saiu... Vejam: acima da expectativa: 2,9%! Incrível! Fazia tempo que não via um truque tão fajuto! O leitor distraído registra apenas a informação de que o PIB “superou as expectativas” e pensa consigo mesmo que talvez estejamos em um bom caminho.

Interessante mesmo foi a declaração do presidente Lula sobre os fantásticos 2,9%. “O PIB só vai crescer na medida em que se crie uma dinâmica no País em que as pessoas acreditem que as coisas estão sendo feitas com seriedade”. Puxa, se eu soubesse que o PIB cresceria por causa disso já teria acreditado antes! Então proponho uma campanha nacional: todo mundo acredita e o PIB cresce naturalmente! Como não havia pensado nisso antes?!

Tudo bem, então: EU ACREDITO!

Já para o ex-ministro Palocci, aquele cujos assessores quebraram o sigilo bancário do caseiro de Brasília, o crescimento do PIB reflete a consistência da economia brasileira. Agora me sinto muito mais tranqüilo em saber que vivo em um país consistente economicamente. Tenho pena dos argentinos (crescimento de 8,5%), dos indianos (crescimento de 9,2%) e dos chineses (crescimento de 10,7%). Pobres coitados. Sua economia, pela lógica de Palocci, deve estar um horror!

Querem saber? Estou cansado de tanta malandragem.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Chávez arma a Venezuela e faz soar os alarmes no continente

Creio que jamais escrevi ou publiquei algo sobre política internacional. Penso que atualmente existem dois temas bem interessantes neste campo. O primeiro trata-se das pretensões e ameaças do Irã em relação ao seu potencial arsenal nuclear. O segundo é sobre a América Latina e o fortalecimento de governos ditos de esquerda, mas que agem como populistas, uma verdadeira praga do continente latino-americano. Abaixo, um aspecto interessante sobre o caso da Venezuela. Por William Waack. Portal da Globo

"Há um jogo perigoso sendo jogado na Bolívia e no Equador, mas é um jogo que, inicialmente, só causará confusão interna. O jogo mais perigoso sendo jogado no momento é o de Hugo Chávez, e promete causar muita confusão externa. Um de seus aspectos mais preocupantes foi reiterado nesta segunda (5) numa reportagem de Roberto Godoy, de "O Estado de S. Paulo". É o acréscimo, ao já formidável arsenal militar venezuelano, de provavelmente 9 submarinos russos. As volumosas compras de material bélico por parte de Chávez ultrapassam os 3 bilhões de dólares, mas há nessa cifra contratos de longo prazo. O respeitado Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (mais conhecido pela sigla em inglês, IISS) diz em seu último relatório que entre os latino-americanos o maior orçamento com segurança e defesa, em termos absolutos, continua sendo o da Colombia (4 bilhões de dólares) - a guerra do governo colombiano contra diversos grupos de narco-guerrilheiros já dura 40 anos. O segundo maior gastador é...Chávez, com pouco mais de 2 bilhões de dólares. Ele superou Argentina e Chile, com orçamentos pouco inferiores (e tradições militares muito superiores), mas o que impressiona é a velocidade do aumento das despesas com material de guerra. Entre 2005 e 2006, o orçamento de defesa da Venezuela subiu 33% (o da Colombia, para comparação, subiu menos de 10%, e os de Chile e Argentina quase nada). As compras militares de Chávez sugerem o comportamento de alguém que entrou com muito dinheiro numa loja de departamentos e se encantou com quase tudo. Ele comprou 100 mil fuzis AK-47, um tipo pouco usado nas Américas (a não ser por Cuba e os narco-guerrilheiros das Farc), incluindo uma fábrica de munição. Circulam com muita insistência informações, desmentidas no último fim de semana pelo governo boliviano, de que parte dos 100 mil fuzis automáticos leves que serão substituídos pelas AK-47 estariam indo para a Bolívia.A shopping list do presidente com poderes de ditador da Venezuela incluiu sistemas de defesa antiaérea, navios patrulha, os tais submarinos russos mas, principalmente, os caças russos Sukhoi-35, um avião de combate sem similares nas forças aéreas latino-americanas.
O que mais impressiona nessa máquina, desenhada para competir com os F-15 e F-18 americanos, é a autonomia: 3.400 quilômetros. Em termos de equipamento eletrônico a bordo, não há nada na América do Sul capaz de rivalizar.No meio disso tudo, é claro que a Venezuela não avançou um milímetro naquilo que a une a outros países de fronteira amazônica: a falta de presença do Estado e de segurança dos próprios limites. A foz do Orinoco, por exemplo (onde Chávez está tomando de empresas estrangeiras alguns projetos importantes de exploração de petróleo pesado), é há mais de uma década o ponto preferido das grandes máfias de exportação de drogas da América do Sul para a Europa.O comportamento do caudilho venezuelano traz consigo o tipo de insegurança militar do qual a região parecia afastada, pelo menos desde o fim das querelas entre Brasil e Argentina e, principalmente, entre Argentina e Chile. Querem ver a razão? Por motivos ideológicos, Chávez conseguiu com que Argentina e Brasil deixassem de realizar com a marinha dos Estados Unidos os exercícios conjuntos previstos para 2006 (os países da costa do Pacífico o fizeram, conforme previsto). Provavelmente este ano, num sinal de força, os americanos vão passear pelo Atlântico Sul com um "battle group" em torno de um porta-aviões. Não há, a não ser na cabeça desequilibrada de Chávez, qualquer perigo real ou ameaça militar à soberania e integridade de seu país. O que ele gasta com armas faz falta em muitos setores na Venezuela, e fará mais falta ainda com os preços do petróleo estabilizando-se em torno de 50 dólares o barril (uma queda de mais de 30% nos últimos seis meses). Mas há um outro fator, externo, que é muito preocupante.Parte dos aviões de combate venezuelanos será modernizada pelo Irã, segundo Roberto Godoy. Seria bobagem afirmar que as forças armadas latino-americanas deveriam abster-se de comprar equipamentos e sistemas onde eles forem mais baratos, competitivos e, principalmente, onde se possa adquirir ou obter a transferência de tecnologia, apenas por deferência aos americanos. Mas ao trazer os iranianos e os vendedores russos para cá, Chávez o faz principalmente como provocação aos Estados Unidos (notoriamente restritivos no repasse de tecnologias militares ou de "dual use").Longe de sentir admiração por Chávez, os militares brasileiros estão dizendo abertamente que ele está trazendo para nosso hemisfério conflitos que aqui não existem. E que nem nos interessam. Nesse sentido, as armas de Chávez são profundamente perturbadoras."

Publicado em 05/02/2007

O "efeito Bolsa Família"

Esta é interessante:

"Por medo de perder benefícios sociais pagos pelo governo, ou na esperança de conquistá-los, trabalhadores rurais no Nordeste estão se recusando a aceitar empregos com a carteira de trabalho assinada. A recusa ocorre tanto entre beneficiários do Bolsa Família quanto entre os que querem entrar no programa. Também entre os que pretendem se aposentar mais cedo, pelo regime especial da Previdência -aos 55 anos no caso das mulheres e 60 anos no dos homens.
Em uma das maiores fazendas de café da Bahia, na Agribahia, a dificuldade em contratar mão-de-obra formal levou à substituição de 5.000 trabalhadores em safras passadas por colheitadeiras operadas por um único funcionário. Hoje, a empresa contrata apenas cerca de 900 pessoas para fazer a colheita em áreas de declive, onde as máquinas correm o risco de tombar. Mesmo assim, são necessárias iniciativas como anúncios em rádio e em carros de som em feiras para arregimentar gente disposta a ter a carteira assinada por três meses ou mais e ganhar, como base, um salário mínimo por mês.
Próximo à Agribahia, na fazenda Campo Grande, o administrador André Araújo, 27, diz precisar de 150 pessoas para a colheita, mas que só consegue 40 com registro em carteira. O resultado é que o café acaba caindo de maduro do pé, com perda de qualidade. Por um café arábica "mole" que poderia valer R$ 300 a saca, a Campo Grande acaba recebendo R$ 200 pelo café "riado" catado depois no chão. A agricultora Luciene Silva Almeida, 28, é uma das que fogem do registro em carteira. Ela trabalha ilegal na região de Brejões (281 km ao sul de Salvador), apesar da forte fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho, que vem multando fazendeiros que contratam pessoal sem carteira assinada.Mãe de dois filhos, Luciene quer pleitear o Bolsa Família e planeja se aposentar pelo regime especial da Previdência, aos 55 anos. Se ela for registrada, pode correr o risco de extrapolar os critérios que a tornam elegível ao Bolsa Família.Isso também a tiraria da condição de futura "segurada especial", tornando-a "assalariada rural". A aposentadoria "especial" é um benefício social, já que o trabalhador não contribuiu com a Previdência".

Fonte: Folha de São Paulo, 25 de fevereito de 2007
Texto: Fernando Canzian
Extraído de Blog do Reinaldo Azevedo

Agora, uma seqüência de Política

Voltarei um pouco às minhas origens e às origens deste blog. Nos próximos posts, entre hoje e quarta-feira, escreverei sobre política e publicarei algumas matérias interessantes que saíram nos jornais no fim de semana. Aviso: um passarinho me contou quem ocupará a Pasta da Educação, na minha opinião e da maior parte dos brasileiros minimamente bem informados, o Ministério mais importante do governo. Vou tentar confirmar a informação, mas caso ela seja verdadeira já vou avisando que estamos todos perdidos!

Estudo deixa chimpanzé e Homem mais perto

Um polêmico estudo promete colocar mais lenha na já aquecida fogueira do conhecimento relativo à evolução da espécie humana. Segundo ele, a separação evolutiva entre humanos e chimpanzés ocorreu há apenas 4 milhões de anos – e não entre 5 milhões e 7 milhões de anos, como defendem as pesquisas mais aceitas atualmente.
O estudo, publicado na revista PloS Genetics e divulgado pela agência Reuters, foi feito com base em análises do DNA de humanos, chimpanzés, gorilas e orangotangos. Ao medir as diferenças entre amostras de cada uma das espécies, foi possível estimar há quanto tempo viveu um ancestral comum a elas.
A pesquisa foi liderada por Asger Hobolth, da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA). Para determinar a nova datação, os cientistas desenvolveram uma técnica para lidar com o que os biólogos chamam de "relógio molecular".

Fonte: Portal da Revista Veja. 26 de fevereiro de 2007.