Um país miserável se faz de várias maneiras: desequilíbrio na distribuição de renda, altos índices de violência, baixa esperança de vida para jovens do sexo masculino residentes nas periferias das grandes cidades, falta de educação formal, ausência de civismo, corrupção, intolerância, crime organizado, fragilidade das instituições democráticas e uma infinidade de outras características tão presentes em nosso cotidiano.
Mas existe também um tipo de problema que invariavelmente se manifesta em tais ambientes e com bastante ênfase no Brasil: é a miséria moral.
Existem diversas formas de entendermos a miséria moral e para compreendê-la devemos partir da definição do que significa a palavra moral. Se o termo pode ser expresso com sinônimos como ética, caráter, valores e costumes, temos que sua miséria representa a ausência dos elementos fundamentais que o exprimem. Estamos abarrotados desses exemplos, em todos os campos. Vejam que interessante como nossa miséria moral pode ser manifestada no jornalismo vagabundo que se faz aqui no Brasil.
Matérias dos Portais de Economia do UOL e do Terra apontaram que o PIB brasileiro em 2006 fechou “acima das expectativas”. O percentual é de 2,9%. Comparando com os demais países latino-americanos nosso PIB só é maior do que o PIB daquela potência econômica chamada Haiti. Lula disse que seria 5%, o mercado previa até 2,8% e quando o resultado saiu... Vejam: acima da expectativa: 2,9%! Incrível! Fazia tempo que não via um truque tão fajuto! O leitor distraído registra apenas a informação de que o PIB “superou as expectativas” e pensa consigo mesmo que talvez estejamos em um bom caminho.
Interessante mesmo foi a declaração do presidente Lula sobre os fantásticos 2,9%. “O PIB só vai crescer na medida em que se crie uma dinâmica no País em que as pessoas acreditem que as coisas estão sendo feitas com seriedade”. Puxa, se eu soubesse que o PIB cresceria por causa disso já teria acreditado antes! Então proponho uma campanha nacional: todo mundo acredita e o PIB cresce naturalmente! Como não havia pensado nisso antes?!
Tudo bem, então: EU ACREDITO!
Já para o ex-ministro Palocci, aquele cujos assessores quebraram o sigilo bancário do caseiro de Brasília, o crescimento do PIB reflete a consistência da economia brasileira. Agora me sinto muito mais tranqüilo em saber que vivo em um país consistente economicamente. Tenho pena dos argentinos (crescimento de 8,5%), dos indianos (crescimento de 9,2%) e dos chineses (crescimento de 10,7%). Pobres coitados. Sua economia, pela lógica de Palocci, deve estar um horror!
Querem saber? Estou cansado de tanta malandragem.
Um comentário:
Ola Professor.
Estou lendo todos os posts atrasados. FAz tempo que não venho ler seus textos.
Realmente, ter um crescimento maior apenas que o do HAiti, é uma coisa sensacional, fora do comum.
Jornalismo vagabundo mesmo!
Mas estamos ai né, estudando para mudar tudo isso! heheh
Abraços
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