Sei que se trata apenas de um cenário, mas algumas coisas que vem acontecendo nos últimos dias na campanha eleitoral dos EUA indicam um certo cheiro de vitória de Barack Obama à presidência americana.
Destaco sete itens:
1) As pesquisas não indicam um vencedor, mas todas as margens de erro colocam uma leve vantagem para o Democrata;
2) Os materiais de campanha de Obama estão cada vez melhores e os de McCain cada vez piores;
3) Sarah Palin não mais atende as orientações dos estrategistas da campanha. Ao contrário, parece discursar mais pensando em sua imagem do que na de McCain e de sua campanha;
4) Os comitês de campanha de McCain estão cada vez mais vazios e o clima em alguns é de desânimo;
5) Várias empresas de comunicação e jornais influentes debandaram para o lado de Obama. A mídia adora Obama;
6) O dinheiro de Obama jorra e o de McCain seca;
7) tradicionais eleitores que possuem baixo comparecimento nas urnas se dispuseram a participar neste ano. São eles: negros, latinos e os mais pobres.
Mas atenção! Apesar de perceber que esses elementos representam indicadores importantes eu não arriscaria nenhuma aposta!
sexta-feira, outubro 31, 2008
segunda-feira, outubro 27, 2008
Sobre como Calcular os Perdedores e Vencedores
Confirmados todos os resultados das eleições é a hora dos cientistas políticos realizarem suas análises sobre quem ganhou e quem perdeu neste pleito municipal. Entendo que existe um erro conceitual básico nas análises: contar os vencedores e perdedores apenas por uma variável quantitativa. Alguns analistas utilizam os votos que cada partido recebeu, outros a quantidade de capitais que cada partido conquistou, outros ainda quantos vereadores foram eleitos por partido e assim sucessivamente. Pessoalmente entendo que para se ter um quadro dos vencedores e perdedores (há também aqueles partidos que permaneceram na mesma situação) é necessário criar um critério universal que combine diferentes variáveis, divididas por pesos.
Dessa forma faríamos uma lista com as variáveis levadas em conta (incluindo as que citei acima), incluiríamos duas muito importantes que são o tamanho do Orçamento municipal e o tamanho da máquina pública dos municípios e daríamos pesos diferentes para cada um. A partir daí, com um cálculo matemático, poderíamos contar com um quadro melhor, mais lógico e agregarmos a ele alguns temas que podem conter uma certa subjetividade, tais como prognósticos, linhas de tendência e a potencialidade e fragilidade da imagem dos principais atores dos processos eleitorais.
A partir disso teríamos, de fato, uma conclusão inconteste sobre os vencedores e perdedores das eleições 2008. De qualquer forma, apresentarei abaixo alguns textos sobre o assunto para ao menos poder contar com referências de bons autores.
Dessa forma faríamos uma lista com as variáveis levadas em conta (incluindo as que citei acima), incluiríamos duas muito importantes que são o tamanho do Orçamento municipal e o tamanho da máquina pública dos municípios e daríamos pesos diferentes para cada um. A partir daí, com um cálculo matemático, poderíamos contar com um quadro melhor, mais lógico e agregarmos a ele alguns temas que podem conter uma certa subjetividade, tais como prognósticos, linhas de tendência e a potencialidade e fragilidade da imagem dos principais atores dos processos eleitorais.
A partir disso teríamos, de fato, uma conclusão inconteste sobre os vencedores e perdedores das eleições 2008. De qualquer forma, apresentarei abaixo alguns textos sobre o assunto para ao menos poder contar com referências de bons autores.
A Minha Lista Pessoal de Quem Ganha e Quem Perde
ATENÇÃO! Apesar do título ser em primeira pessoa o texto que segue é de autoria de Reinaldo Azevedo. Faz tempo que não publicava nada dele para vocês. Tentei selecionar textos que analisassem as eleições de diferentes formas, mas fui até sites considerados socialistas e de apoio à base do governo Lula, como por exemplo o Blog de Mino Carta (Carta Capital), mas não encontrei muita coisa. Portanto, segue um texto de Azevedo e outro (na seqüência) do Noblat.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
Data: 27/10/2008
"Toda eleição tem lista de “ganhadores” e “perdedores”. Também vou fazer a minha. Deixarei de lado alguns nomes de expressão mais regional. Sim! Como sempre, é uma leitura pessoal.
GANHAM
JOSÉ SERRA – Individualmente, é o maior vencedor da eleição. Seu candidato, Gilberto Kassab, tinha 9% das intenções de voto há menos de três meses. Conseguiu a reeleição com uma votação história e atribui ao governador o seu triunfo. O tucano passou a ser considerado, com tal desempenho, o mais forte candidato do seu partido à Presidência. Não custa lembrar que o PMDB coligou-se com Kassab em São Paulo — e Serra tem, no partido, serristas em penca.
GILBERTO KASSAB – Surge como uma liderança de alcance nacional por razões óbvias. Sempre foi bom articulador de bastidores. Faltava-se lhe uma vitória convincente numa disputa majoritária. Alguém imagina algo mais convincente? Queira ou não, é pré-candidato natural ao governo de São Paulo.
PSDB – Perdeu algumas prefeituras, mas ainda é o segundo partido em número de cidades: 788. Está atrás apenas do PMDB: 1207. E manteve a Prefeitura de São Paulo, que compartilha com o DEM. Fortalece-se também porque, obviamente, seu principal nome à Presidência, Serra, sai do processo com mais musculatura.
DEM – Vejam como sou escandaloso, não? O partido perdeu muitas prefeituras. Elegeu “apenas” 501. Embora tenha se transformado na Geni dos petistas e do PCB (Partido dos Colunistas Brasileiros), fez apenas 57 prefeituras a menos que o superpoderoso PT. Nestas eleições, fez só uma prefeitura, mas é justamente a de São Paulo. E vê nascer um líder num estado onde sempre foi fraco. Sim, todos dirão que o DEM é perdedor. Eu não acho. Fazer o quê? Ah, sim: em Salavador, ajudou a derrotar o PT.
PMDB – É o grande vencedor deste pleito, sem dúvida, com 1207 prefeituras. Mas não tem e não terá candidato à Presidência da República. Já havia avançado formidavelmente no primeiro turno e, agora, consolida essa posição com as vitórias em Porto Alegre e Salvador.
FERNANDO GABEIRA – Chegou bem perto de vencer a eleição no Rio — e talvez tivesse chegado lá não fossem três fatores:
- a escandalosa abstenção na cidade: deixaram de votar 927.250 eleitores, um índice superior a 20%;
- a impressionante baixaria de que foi vítima;
- um certo discurso antipolítico que pode ter diminuído o número de cabos eleitorais nas ruas.
É certo que passa a ser considerado uma referência na cidade para disputar o governo em 2010. Mais: fez a sua estréia como político de massas. Era, até então, o chamado "deputado de opinião”.
PERDEM
LULA – Entrou de cabeça na eleição em São Paulo. E São Paulo elegeu Kassab com uma clareza inequívoca. Uma coisa é perder por dois ou três pontos. Outra é perder por 18. Nas capitais em que o PT estava bem, o partido elegeu o prefeito. Onde não estava, a ação de Lula foi irrelevante.
MARTA SUPLICY – Individualmente, é a maior derrotada de 2008. Teve menos votos do que em 2004 nas duas etapas eleitorais e viu aumentar a sua rejeição. A frase “relaxa e goza”, em vez de esquecida, foi reavivada na memória do eleitor. Pior: sua campanha optou pela baixaria sem medo de ser feliz, ao fazer especulações sobre a vida privada do adversário — o que também manchou a sua biografia. Quando deu início à corrida, seu grupo político queria ver nela uma presidenciável. Hoje, os adversários torcem para que seja a candidata do PT ao governo de São Paulo. É preciso verificar até onde Marta não virou o Maluf dos petistas: basta ela se candidatar para eleger o adversário.
PT – Sim, perdeu. Embora quase todo mundo diga que ganhou. Tinha nove capitais, ficou com seis. Somadas, não chegam ao Orçamento ou à população de São Paulo, que ficou com o arqiinimigo DEM. Perdeu todas as capitais que disputou no segundo turno. Recuperar o governo de Porto Alegre era um ponto de honra. Dançou com uma diferença de 18 pontos. Cresceu muito nas pesquenas cidades em razão do bolsismo...
AÉCIO NEVES – Como??? Márcio Lacerda ganhou, Reinaldo!" É, mas o governador saiu do processo menor do que entrou, a despeito de sua impressionante capacidade de fazer malabarismos verbais repetidos pelo Partido dos Colunistas. Os solavancos da eleição em Belo Horizonte evidenciaram o artificialismo da aliança PSDB-PT. Longe de ser um exemplo para o Brasil, provou que é temerária até mesmo em Minas. O PSDB perdeu prefeituras no Estado em vez de ganhar. O exotismo eleitoral de BH fez Aécio passar por três fases:
A – “Aqui está a novidade do pós-Lula”;
B – “Admito que não deu certo”;
C – “Aqui está a novidade do pós-Lula” — de novo.
A última leitura, digamos, exótica que seu grupo espalha é que ele ajudou a destruir o PT de Minas. Excesso de malabarismo retórico deixa potenciais aliados um tanto assustados. Ademais, ajudou a fortalecer o PMDB.
CIRO GOMES – Também ele? Também ele. Lacerda, eleito em BH, é um aliado seu, claro, claro... Mas foi eleito pelas máquinas do PSDB e do PT. Ciro não tem nada com isso. Já em Fortaleza, onde ele tinha "tudo com isso", apostou suas fichas na ex-mulher, Patrícia Saboya. Ela não passou nem para o segundo turno.
DILMA ROUSSEFF – Jura, Reinaldo? Juro! Lembram-se da sua ida quase teatral para dar apoio à candidata do PT à Prefeitura de Curitiba, Gleisi Hoffmann? Pois é... Beto Richa se elegeu no primeiro turno com quase 80% dos votos. Depois Dilma decidiu declarar seu apoio decisivo à petista Maria do Rosário, em Porto Alegre. José Fogaça venceu por estratosféricos 18 pontos de diferença. Como a gente vê, Dilma não transfere o que nunca teve: votos.
GERALDO ALCKMIN – Era o candidato certo do PSDB ao governo de São Paulo. Mas decidiu apostar no confronto com o governador José Serra e sair candidato à Prefeitura, fazendo uma espécie de ponte com Minas. Começou o ano como favorito e não passou nem para o segundo turno. Agora, só será candidato se Serra concordar. Mas a fila, pouco importa o que digam todos os atores políticos, passou a ter um primeiro colocado: Kassab. Em política, não existe “jamais”.
SÉRGIO CABRAL – Apesar da vitória de Eduardo Paes, Sérgio Cabral não se saiu tão bem. Em política, o placar, se dilatado ou não, faz diferença, sim. O governador do Rio perdeu disputas importantes no interior do Estado e, por muito pouco, não vê uma espécie de movimento cívico vencer a eleição na capital, com Fernando Gabeira. A brutal abstenção pode ser um indicador de problemas. Mais: a campanha na capital, lamento muito, esteve longe de lustrar a civilidade política. O que poderia ser uma das disputas mais elevadas do país evoluiu para uma impressionante e decepcionante soma de baixarias. Até a última hora, até o último dia. A primeira aparição do governador e do prefeito eleito expressavam o excesso de excitação de quem havia passado um grande aperto — faltava comedimento. Cabral entrou no processo para se credenciar a ser vice de alguém. E eu acho que não se credenciou.
Ah, sim. O Chico Buarque também perdeu. Ele promete agora dar apoio a Raúl Castro se um dia houver eleições diretas em Cuba.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
Data: 27/10/2008
"Toda eleição tem lista de “ganhadores” e “perdedores”. Também vou fazer a minha. Deixarei de lado alguns nomes de expressão mais regional. Sim! Como sempre, é uma leitura pessoal.
GANHAM
JOSÉ SERRA – Individualmente, é o maior vencedor da eleição. Seu candidato, Gilberto Kassab, tinha 9% das intenções de voto há menos de três meses. Conseguiu a reeleição com uma votação história e atribui ao governador o seu triunfo. O tucano passou a ser considerado, com tal desempenho, o mais forte candidato do seu partido à Presidência. Não custa lembrar que o PMDB coligou-se com Kassab em São Paulo — e Serra tem, no partido, serristas em penca.
GILBERTO KASSAB – Surge como uma liderança de alcance nacional por razões óbvias. Sempre foi bom articulador de bastidores. Faltava-se lhe uma vitória convincente numa disputa majoritária. Alguém imagina algo mais convincente? Queira ou não, é pré-candidato natural ao governo de São Paulo.
PSDB – Perdeu algumas prefeituras, mas ainda é o segundo partido em número de cidades: 788. Está atrás apenas do PMDB: 1207. E manteve a Prefeitura de São Paulo, que compartilha com o DEM. Fortalece-se também porque, obviamente, seu principal nome à Presidência, Serra, sai do processo com mais musculatura.
DEM – Vejam como sou escandaloso, não? O partido perdeu muitas prefeituras. Elegeu “apenas” 501. Embora tenha se transformado na Geni dos petistas e do PCB (Partido dos Colunistas Brasileiros), fez apenas 57 prefeituras a menos que o superpoderoso PT. Nestas eleições, fez só uma prefeitura, mas é justamente a de São Paulo. E vê nascer um líder num estado onde sempre foi fraco. Sim, todos dirão que o DEM é perdedor. Eu não acho. Fazer o quê? Ah, sim: em Salavador, ajudou a derrotar o PT.
PMDB – É o grande vencedor deste pleito, sem dúvida, com 1207 prefeituras. Mas não tem e não terá candidato à Presidência da República. Já havia avançado formidavelmente no primeiro turno e, agora, consolida essa posição com as vitórias em Porto Alegre e Salvador.
FERNANDO GABEIRA – Chegou bem perto de vencer a eleição no Rio — e talvez tivesse chegado lá não fossem três fatores:
- a escandalosa abstenção na cidade: deixaram de votar 927.250 eleitores, um índice superior a 20%;
- a impressionante baixaria de que foi vítima;
- um certo discurso antipolítico que pode ter diminuído o número de cabos eleitorais nas ruas.
É certo que passa a ser considerado uma referência na cidade para disputar o governo em 2010. Mais: fez a sua estréia como político de massas. Era, até então, o chamado "deputado de opinião”.
PERDEM
LULA – Entrou de cabeça na eleição em São Paulo. E São Paulo elegeu Kassab com uma clareza inequívoca. Uma coisa é perder por dois ou três pontos. Outra é perder por 18. Nas capitais em que o PT estava bem, o partido elegeu o prefeito. Onde não estava, a ação de Lula foi irrelevante.
MARTA SUPLICY – Individualmente, é a maior derrotada de 2008. Teve menos votos do que em 2004 nas duas etapas eleitorais e viu aumentar a sua rejeição. A frase “relaxa e goza”, em vez de esquecida, foi reavivada na memória do eleitor. Pior: sua campanha optou pela baixaria sem medo de ser feliz, ao fazer especulações sobre a vida privada do adversário — o que também manchou a sua biografia. Quando deu início à corrida, seu grupo político queria ver nela uma presidenciável. Hoje, os adversários torcem para que seja a candidata do PT ao governo de São Paulo. É preciso verificar até onde Marta não virou o Maluf dos petistas: basta ela se candidatar para eleger o adversário.
PT – Sim, perdeu. Embora quase todo mundo diga que ganhou. Tinha nove capitais, ficou com seis. Somadas, não chegam ao Orçamento ou à população de São Paulo, que ficou com o arqiinimigo DEM. Perdeu todas as capitais que disputou no segundo turno. Recuperar o governo de Porto Alegre era um ponto de honra. Dançou com uma diferença de 18 pontos. Cresceu muito nas pesquenas cidades em razão do bolsismo...
AÉCIO NEVES – Como??? Márcio Lacerda ganhou, Reinaldo!" É, mas o governador saiu do processo menor do que entrou, a despeito de sua impressionante capacidade de fazer malabarismos verbais repetidos pelo Partido dos Colunistas. Os solavancos da eleição em Belo Horizonte evidenciaram o artificialismo da aliança PSDB-PT. Longe de ser um exemplo para o Brasil, provou que é temerária até mesmo em Minas. O PSDB perdeu prefeituras no Estado em vez de ganhar. O exotismo eleitoral de BH fez Aécio passar por três fases:
A – “Aqui está a novidade do pós-Lula”;
B – “Admito que não deu certo”;
C – “Aqui está a novidade do pós-Lula” — de novo.
A última leitura, digamos, exótica que seu grupo espalha é que ele ajudou a destruir o PT de Minas. Excesso de malabarismo retórico deixa potenciais aliados um tanto assustados. Ademais, ajudou a fortalecer o PMDB.
CIRO GOMES – Também ele? Também ele. Lacerda, eleito em BH, é um aliado seu, claro, claro... Mas foi eleito pelas máquinas do PSDB e do PT. Ciro não tem nada com isso. Já em Fortaleza, onde ele tinha "tudo com isso", apostou suas fichas na ex-mulher, Patrícia Saboya. Ela não passou nem para o segundo turno.
DILMA ROUSSEFF – Jura, Reinaldo? Juro! Lembram-se da sua ida quase teatral para dar apoio à candidata do PT à Prefeitura de Curitiba, Gleisi Hoffmann? Pois é... Beto Richa se elegeu no primeiro turno com quase 80% dos votos. Depois Dilma decidiu declarar seu apoio decisivo à petista Maria do Rosário, em Porto Alegre. José Fogaça venceu por estratosféricos 18 pontos de diferença. Como a gente vê, Dilma não transfere o que nunca teve: votos.
GERALDO ALCKMIN – Era o candidato certo do PSDB ao governo de São Paulo. Mas decidiu apostar no confronto com o governador José Serra e sair candidato à Prefeitura, fazendo uma espécie de ponte com Minas. Começou o ano como favorito e não passou nem para o segundo turno. Agora, só será candidato se Serra concordar. Mas a fila, pouco importa o que digam todos os atores políticos, passou a ter um primeiro colocado: Kassab. Em política, não existe “jamais”.
SÉRGIO CABRAL – Apesar da vitória de Eduardo Paes, Sérgio Cabral não se saiu tão bem. Em política, o placar, se dilatado ou não, faz diferença, sim. O governador do Rio perdeu disputas importantes no interior do Estado e, por muito pouco, não vê uma espécie de movimento cívico vencer a eleição na capital, com Fernando Gabeira. A brutal abstenção pode ser um indicador de problemas. Mais: a campanha na capital, lamento muito, esteve longe de lustrar a civilidade política. O que poderia ser uma das disputas mais elevadas do país evoluiu para uma impressionante e decepcionante soma de baixarias. Até a última hora, até o último dia. A primeira aparição do governador e do prefeito eleito expressavam o excesso de excitação de quem havia passado um grande aperto — faltava comedimento. Cabral entrou no processo para se credenciar a ser vice de alguém. E eu acho que não se credenciou.
Ah, sim. O Chico Buarque também perdeu. Ele promete agora dar apoio a Raúl Castro se um dia houver eleições diretas em Cuba.
Glossário da Eleição 2008
Fonte: Blog do Noblat
Data: 27/10/2008
endereço: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
Aécio Neves - Vide Serra.
Baixaria - No início da campanha todos os candidatos a abominam. Do meio para o fim, ela costuma se impor. Em São Paulo, deu ensejo ao comercial de televisão de Marta Suplicy (PT) destinado a virar um clássico (“Ele é casado? Tem filhos?”). Foi decisiva em Belo Horizonte para que Márcio Lacerda (PSB) derrotasse Leonardo Quintão (PMDB).
Caixa 2 - Ou fizeram bem feito ou fizeram de menos. Ou então a imprensa não correu atrás.
Gabeira – Derrotado por míseros 55 mil votos, menos do que a lotação do Maracanã, ganhou a condição de o maior eleitor individual do Rio. Em 2010 pode disputar o governo ou o Senado. Fora ganhar, nada é melhor do que perder ganhando. É o caso dele.
Geddel Vieira Lima - Tirou do fundo do poço da rejeição o prefeito João Henrique (PMDB), de Salvador, e o reelegeu contra a vontade do governador Jaques Wagner (PT). O PMDB baiano emplacou 114 prefeitos e 554 vereadores contra 67 prefeitos e 357 vereadores do PT. Gedel ganhou um palanque no Estado para oferecê-lo em 2010 a quem preferir – Dilma Rousseff ou José Serra.
Lula - Saiu da eleição menor do que entrou. Entrou como um Midas, capaz de transformar em ouro tudo que tocasse. Não desempatou a eleição em favor de ninguém. Perdeu feio ao ceder ao apelo do fígado para derrotar em Natal a candidata do senador José Agripino Maia, líder do DEM. Ou em Parintins o cunhado do senador Arthur Virgílio Neto, líder do PSDB. Lula está para essa eleição como a Seleção Brasileira esteve para a Copa do Mundo de 2006: condenado a ganhar, não ganhou.
Máquina - Dos 3.357 prefeitos que concorreram à reeleição, 2.245 foram reeleitos no primeiro turno – ou 66,8% deles. É o maior índice desde 2000 quando pela primeira vez os prefeitos puderam se reeleger. A máquina administrativa é o maior trunfo de candidatos à reeleição - mas ela só decide a parada se seu piloto for bom e se os ventos soprarem a favor. A máquina se mexeu para eleger Serra presidente da República em 2002 - mas os ventos sopravam a favor de Lula. E a máquina vazava óleo por todos os lados.
Marqueteiro - De estrela de primeira grandeza passou a culpado pelo desempenho medíocre dos candidatos. Quem ganha eleição é o candidato. Quem perde é o marqueteiro. Geraldo Alckmin (PSDB) trocou de marqueteiro no meio do primeiro turno. E aí? Acabou em terceiro lugar. Maria do Rosário (PT) trocou no segundo turno – perdeu para José Fogaça (PMDB). O marqueteiro argentino de Márcio Lacerda ficou rouco de tanto aconselhá-lo a construir uma imagem própria. Foi demitido. Seu substituto seguiu a receita dele com rigor – Lacerda venceu.
Militância - Era barulhenta, colorida e de graça. Perdeu a cor. Barulho? Agora só com pagamento adiantado.
Palanque - Entenda-se como tal a montagem de coligações que assegurem um tempo razoável de propaganda no rádio e na televisão. Quem não teve palanque perdeu logo no primeiro turno. Marcelo Crivella (PR) não teve no Rio. Nem Jandira Feghali (PC do B). Em São Paulo, Alckmin não teve.
PMDB - O michê subiu. Quero dizer: o cachê aumentou. Dizia-se que sem o PMDB presidente algum governaria. É certo dizer que sem o PMDB dificilmente alguém se elegerá presidente em 2010. Foi o partido que mais elegeu prefeitos e vereadores.
Poste – O mais ilustre deles, Márcio Lacerda, penou para se eleger prefeito de Belo Horizonte. Só conseguiu porque no segundo turno foi menos poste, a depender da luz emanada por Aécio (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), e mais candidato. Kassab foi um poste que acendia. Poste autêntico foi João do Poste (ou melhor: João da Costa), eleito prefeito do Recife por obra e graça do prefeito João Paulo (PT).
PT - Não perdeu. Para compensar não ganhou. Aumentou seu time de prefeitos e de vereadores, é fato. Ficou de fora da festa nos maiores colégios eleitorais do país. Obteve um resultado muito aquém da sua ambição.
Serra - Sai da eleição maior do que entrou. Entrou na condição de possível candidato a uma derrota para Alckmin, que se lançou à revelia dele e como um enclave em São Paulo da candidatura de Aécio à sucessão de Lula. Serra derrotou Alckmin, Aécio e Marta. E elegeu Kassab. Foi um craque improvável, assim como é Obina no Flamengo.
Data: 27/10/2008
endereço: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
Aécio Neves - Vide Serra.
Baixaria - No início da campanha todos os candidatos a abominam. Do meio para o fim, ela costuma se impor. Em São Paulo, deu ensejo ao comercial de televisão de Marta Suplicy (PT) destinado a virar um clássico (“Ele é casado? Tem filhos?”). Foi decisiva em Belo Horizonte para que Márcio Lacerda (PSB) derrotasse Leonardo Quintão (PMDB).
Caixa 2 - Ou fizeram bem feito ou fizeram de menos. Ou então a imprensa não correu atrás.
Gabeira – Derrotado por míseros 55 mil votos, menos do que a lotação do Maracanã, ganhou a condição de o maior eleitor individual do Rio. Em 2010 pode disputar o governo ou o Senado. Fora ganhar, nada é melhor do que perder ganhando. É o caso dele.
Geddel Vieira Lima - Tirou do fundo do poço da rejeição o prefeito João Henrique (PMDB), de Salvador, e o reelegeu contra a vontade do governador Jaques Wagner (PT). O PMDB baiano emplacou 114 prefeitos e 554 vereadores contra 67 prefeitos e 357 vereadores do PT. Gedel ganhou um palanque no Estado para oferecê-lo em 2010 a quem preferir – Dilma Rousseff ou José Serra.
Lula - Saiu da eleição menor do que entrou. Entrou como um Midas, capaz de transformar em ouro tudo que tocasse. Não desempatou a eleição em favor de ninguém. Perdeu feio ao ceder ao apelo do fígado para derrotar em Natal a candidata do senador José Agripino Maia, líder do DEM. Ou em Parintins o cunhado do senador Arthur Virgílio Neto, líder do PSDB. Lula está para essa eleição como a Seleção Brasileira esteve para a Copa do Mundo de 2006: condenado a ganhar, não ganhou.
Máquina - Dos 3.357 prefeitos que concorreram à reeleição, 2.245 foram reeleitos no primeiro turno – ou 66,8% deles. É o maior índice desde 2000 quando pela primeira vez os prefeitos puderam se reeleger. A máquina administrativa é o maior trunfo de candidatos à reeleição - mas ela só decide a parada se seu piloto for bom e se os ventos soprarem a favor. A máquina se mexeu para eleger Serra presidente da República em 2002 - mas os ventos sopravam a favor de Lula. E a máquina vazava óleo por todos os lados.
Marqueteiro - De estrela de primeira grandeza passou a culpado pelo desempenho medíocre dos candidatos. Quem ganha eleição é o candidato. Quem perde é o marqueteiro. Geraldo Alckmin (PSDB) trocou de marqueteiro no meio do primeiro turno. E aí? Acabou em terceiro lugar. Maria do Rosário (PT) trocou no segundo turno – perdeu para José Fogaça (PMDB). O marqueteiro argentino de Márcio Lacerda ficou rouco de tanto aconselhá-lo a construir uma imagem própria. Foi demitido. Seu substituto seguiu a receita dele com rigor – Lacerda venceu.
Militância - Era barulhenta, colorida e de graça. Perdeu a cor. Barulho? Agora só com pagamento adiantado.
Palanque - Entenda-se como tal a montagem de coligações que assegurem um tempo razoável de propaganda no rádio e na televisão. Quem não teve palanque perdeu logo no primeiro turno. Marcelo Crivella (PR) não teve no Rio. Nem Jandira Feghali (PC do B). Em São Paulo, Alckmin não teve.
PMDB - O michê subiu. Quero dizer: o cachê aumentou. Dizia-se que sem o PMDB presidente algum governaria. É certo dizer que sem o PMDB dificilmente alguém se elegerá presidente em 2010. Foi o partido que mais elegeu prefeitos e vereadores.
Poste – O mais ilustre deles, Márcio Lacerda, penou para se eleger prefeito de Belo Horizonte. Só conseguiu porque no segundo turno foi menos poste, a depender da luz emanada por Aécio (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), e mais candidato. Kassab foi um poste que acendia. Poste autêntico foi João do Poste (ou melhor: João da Costa), eleito prefeito do Recife por obra e graça do prefeito João Paulo (PT).
PT - Não perdeu. Para compensar não ganhou. Aumentou seu time de prefeitos e de vereadores, é fato. Ficou de fora da festa nos maiores colégios eleitorais do país. Obteve um resultado muito aquém da sua ambição.
Serra - Sai da eleição maior do que entrou. Entrou na condição de possível candidato a uma derrota para Alckmin, que se lançou à revelia dele e como um enclave em São Paulo da candidatura de Aécio à sucessão de Lula. Serra derrotou Alckmin, Aécio e Marta. E elegeu Kassab. Foi um craque improvável, assim como é Obina no Flamengo.
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