Leiam o trecho do editorial da Folha de São Paulo deste domingo e comecem a vislumbrar os primeiros, apesar de pífios, sinais daquilo que poderá ocorrer com maior intensidade em meados do início de 2007, considerando-se o início do ano após o carnaval, claro!
“Vitorioso nas eleições, o presidente Lula passou a trilhar nas últimas semanas um percurso melancólico. Investe o capital obtido nas urnas em promessas vagas e messiânicas de aceleração do crescimento econômico, enquanto a realidade dos acordos partidários se impõe no tráfico fisiológico de sempre.Seja nas conversações entre os formuladores de seu partido, seja nos encontros com os líderes de uma provável base de governo, o que ressalta nas atitudes de Lula é a falta de alternativas e soluções para o impasse econômico em que se encontra o país.No círculo presidencial se chega à conclusão de que é preciso investir na habitação popular, doar dinheiro para famílias pobres conquistarem moradia. Algo parecido com uma idéia, enfim. Mas a caridade seria feita a expensas alheias, com a poupança do trabalhador forçado a contribuir todo mês com o FGTS.Outro lampejo: incentivos bilionários para empresas que constroem fábricas, expandem linhas de produção e compram máquinas; alívio no INSS para firmas que empregam muito. Não se lobriga, no entanto, como a conta vai fechar. Por que meios o Tesouro será ressarcido da benevolência ninguém diz -ou deixa para divulgar a fatura mais à frente, embutida num pacote de Natal enviado ao Congresso.Há que cortar gastos. Mas onde? Contra quem? Taxas pífias de investimento público ameaçam estrangular qualquer projeção otimista para o PIB dos próximos anos. Aumentá-las, pela via de um acréscimo na carga tributária, surge no atual ambiente econômico como temeridade a que, nem mesmo em seus acessos mais delirantes -e rápidos quando se trata de verberar a liberdade de imprensa-, o petismo se arrisca a praticar.Propor uma reforma tributária que elimine as distorções em vigor -amplamente favoráveis às pessoas de renda mais alta, enquanto penalizam o assalariado de baixa renda- não consta da agenda presidencial.(...)Nesse nauseante bate-estaca se apresenta, enfim despojado dos marqueteiros, o político que a maioria reconduziu ao Planalto: desnorteado e conciliatório, vago de propostas e confuso, girando em torno do próprio eixo no ritmo da empulhação.”
Um comentário:
A primeira coisa que me veio em mente foi que eu espero escrever um texto deste porte um dia..rs..
Agora é sério. Achei excelente o jornal, por meio do seu editorial, expressar tudo aquilo que alguns já haviam pensado antes das eleições.
Prometer um crescimento anual enquanto candidato é fácil. Agora reeleito a porcentagem diminuiu, mas as únicas coisas que não abaixam são a corrupção, os salários absurdos dos parlamentares, as diferenças sociais e outras sem-vergonhices deste governo medíocre.
Professor, eu sei que o senhor sempre nos fala para sermos "cinzas", mas neste momento me recuso. Parto do princípio de que no momento sou apenas uma brasileira e não uma estudante de comunicação.
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