quinta-feira, outubro 02, 2008

Cuidado com as Pesquisas!

Já é pública e notória a manipulação das pesquisas eleitorais por parte de institutos de fundo de quintal, as quais são contratadas por determinados candidatos com o objetivo de confundir os eleitores, prejudicar a arrecadação financeira da campanha dos adversários e desanimar os partidários daquele que artificialmente "cai" nas pesquisas. Inúmeros truques são utilizados para isso, mas o principal deles é realizar as pesquisas sem que existam quaisquer critérios técnicos que possam garantir sua cientificidade. Normalmente, este tipo de tramóia é feita pelos institutos de pesquisa, como eu afirmei acima, de fundo de quintal.
No entanto, como a ocasião faz o ladrão e a fiscalização e repressão são ineficientes, agora até mesmo renomados institutos estão sendo investigados pela mesma prática.
O IBOPE serve como exemplo. Em cidades do sul de Minas já foram protocolados e estão sob investigação várias pesquisas eleitorais. Na cidade de Maringá, no Paraná, o Juiz eleitoral da cidade impugnou todas as tentativas de divulgação das duas pesquisas IBOPE para as eleições. Em Campinas, o Juíz eleitoral local também proibiu, numa medida cautelar, a divulgação da pesquisa IBOPE para a prefeitura local, uma vez que foram encontrados claros indícios de manipulação em favor do atual prefeito que é candidato à reeleição.
No Rio de Janeiro uma curiosa divulgação de duas pesquisas, uma do IBOPE e outra do DATAFOLHA (realizadas praticamente nas mesmas datas) poderá demonstrar se o IBOPE está sendo vítima de perseguição ou se de fato está vendido para interesses escusos.
Vejam as diferenças:
Eduardo Paes, candidato do PMDB, aparece com 29% das intenções de voto em ambas pesquisas. Até aí, tudo normal. Já o candidato Marcelo Crivella, do PRB, aparece na pesquisa DATAFOLHA com 18% e na do IBOPE com 24%. Algo parecido ocorre com o candidato do PV, Fernando Gabeira que tem 15% no DATAFOLHA e 10% no IBOPE.
Ora, meus alunos que já sabem muito bem ler e interpretar pesquisas de opinião, pois trabalhamos isso incansavelmente no curso de Teoria da Opinião Pública, devem fazer uma observação cuidadosa para, após os resultados eleitorais, observar quanto que cada instituto se aproximou ou se distanciou dos resultados verdadeiros.

Uma dica: não vale se basear na pesquisa de boca de urna, aquela feita nas portas das escolas no dia da eleição, pois nesse dia todos os institutos acertam porque não são bobos, uma vez que precisam dizer na TV (após o final da apuração) que acertaram todos os resultados previstos. Observem os números anteriores e o desenvolvimento de cada candidato. Pesquisa de boca de urna de instituto de fundo de quintal é feita para que os "analistas" reafirmem que não ocorreu erro, mas sim algo como "uma surpreendente virada nos últimos dias antes do pleito", ou então "uma reviravolta nas intenções de voto", ou qualquer outra frase com pseudo conteúdo técnico para que possam se credenciar para as próximas eleições e faturar ainda mais. Se quiserem, convido para um concurso cultural, em que vocês poderão encontrar a melhor frase de efeito para explicar "a surpreendente virada de última hora" nas eleições municipais.

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