Autor: Jairo Nicolau (Cientista Político)
Fonte: Portal da Revista Veja
As pesquisas e seus erros
Na próxima coluna vou analisar cuidadosamente os erros e acertos dos institutos de pesquisa nas principais cidades do Brasil. Mas uma rápida comparação entre as pesquisas publicadas no domingo da eleição e os resultados das urnas em algumas cidades já revela alguns erros dos institutos. Por exemplo, eles subestimaram a votação de Gabeira no Rio, de Kassab em São Paulo e Quintão em Belo Horizonte.
A justificativa dos institutos para esses erros é sempre a mesma. O trabalho de campo termina no sábado e, por isso, não é possível capturar as ondas eleitorais que acontecem entre sábado e domingo.
O problema é que como as ondas tem acontecido sempre nas grandes cidades, a última pesquisa tem sido uma péssima preditora do que vai acontecer nas urnas.
Precisamos lembrar os eleitores desses detalhes na próxima eleição.
A onda que se ergueu do mar
Falta ver o mapa da impressionante votação de Fernando Gabeira. Ao contrário dos comentaristas de televisão de outros estados imaginam, a votação de Gabeira não foi uma grande surpresa para os cariocas. Ele vinha subindo lentamente desde o começo do horário eleitoral gratuito. A onda começou da zona sul, área mais rica da cidade e se espraiou para os subúrbios da cidade. Sua votação entre os jovens foi impressionante.
O que Alckmin não entendeu
Todo mundo quer saber se 2008 ajuda a explicar 2010. Ninguém se perguntou se 2006 poderia explicar 2008. O candidato do PSDB em São Paulo aprendeu uma dura lição: no Brasil, cada eleição tem as suas circunstâncias. Dois anos depois de seu belo desempenho eleitoral na cidade de São Paulo, viu seus votos reduzirem-se a menos da metade.
Pouca gente lembra, mas o ex-governador Leonel Brizola concorreu a prefeito na cidade do Rio de Janeiro em 2000. Chegou em quarto lugar com apenas 9% dos votos.
A melancólica estréia do DEM
Depois de um resultado ruim nas eleições de 2004 e 2006, o PFL trocou de nome e renovou seus postos de comando. Decidiu apresentar candidatos no maior número de municípios possível. Ainda é cedo para um balanço minucioso do desempenho do partido. Excluindo a cidade de São Paulo, o desempenho do partido nas capitais foi bem abaixo do esperado. No Rio de Janeiro, a candidata do prefeito César Maia, Solange Amaral, chegou em sexto lugar com 4% dos votos. Em Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto ficou de fora do segundo turno. No Recife, Mendonça Filho perdeu já no primeiro turno. Em Belém e Porto Alegre, dois de seus jovens líderes chegaram muito mal.
O PFL vinha encolhendo eleição após eleição e a "reformatação" da legenda parece não ter revertido essa tendência.
A logística das eleições
Não me canso de dizer: os sistemas de votação e apuração inventados no Brasil são um sucesso. Não conheço nada do gênero em nenhum lugar do mundo. Mais de 100 milhões de brasileiros votando em nove horas (de 8h às 17h). Cinco horas depois, mais de 100 milhões de votos apurados.
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