Um mundo midiático. Mais de 700 milhões de Dólares. Uma Guerra Religiosa. Uma esperança. Um Mito! Eis Obama! Yes, we can!
Barack Obama definitivamente entra para a história não só por ser o primeiro negro a assumir a presidência dos EUA, mas também por pertencer a uma jovem geração incumbida de uma missão inglória de reinventar a América.
A uma amiga negra a quem muito admiro, que verteu lágrimas após a vitória de Obama contra Hillary Clinton nas primárias Democratas eu disse que a mudança da história, a real mudança da história, acontecerá somente depois de 4 anos de mandato de Obama e não agora. O que queria dizer é que até hoje tudo é mito, tudo é simbólico, tudo é mídia. Mas o resultado dessas eleições deverá ser entendido melhor após o cumprimento do mandato do recém eleito, pois quando o mundo real lhe cobrar a conta é que poderemos entender o efeito da chegada de um negro à Casa Branca. Seu sucesso será a redenção histórica de uma população reprimida, perseguida e explorada durante várias décadas. Seu fracasso será a aquiescência do retorno à nefasta tese da superioridade de uma raça sobre a outra.
E o mundo real está de braços abertos para Obama. Quer abraçá-lo, quer esmagá-lo. Uma crise econômica profunda, duas guerras em andamento, interesses geopolíticos, desafios nas relações internacionais, tensões na América Latina e no leste europeu; problemas internos, crise do sistema de saúde, seguro social e conflitos migratórios. Esta é a pequena agenda que deverá enfrentar o novo presidente. Sua missão é das mais complexas, mas ao menos ninguém duvida da inteligência muito acima da média de Barack Obama.
Nós brasileiros estamos até achando bonitinho tudo isso. Que legal. Que interessante. Que histórico! Alguns membros do governo brasileiro já se mostraram confiantes e dizem que as relações irão melhorar, como se estivéssemos em crise nas relações Brasil – EUA. Mas quando Obama incrementar os subsídios aos produtores de milho, contra o etanol brasileiro e quando as políticas de proteção dos produtores internos forem colocadas em prática é bem provável que aí sim a crise passe a existir. O interessante da força midiática desta campanha é que tem muita gente, brasileiros inclusive, acreditando que Obama será o presidente do mundo. Não. Obama será o presidente dos EUA e, ao contrário de Lula que defende os interesses da Bolívia, do Equador e da Venezuela, Obama certamente defenderá os interesses americanos.
O mundo real obrigará esta figura incrível a autorizar ataques militares contra interesses americanos, obrigará assinar documentos que desagradem os governos de outros países, obrigará criar medidas polêmicas e decisões difíceis a serem tomadas as 3 da manhã, quando algum assessor afobado bater à porta de seus aposentos para anunciar uma nova crise envolvendo os americanos em alguma parte do mundo.
Não quero estragar a festa, claro. Vamos curti-la mais um pouco. De nossos sofás em frente a TV vamos abanar a mão, fazendo sinal de tchau, quando Bush passar o comando do país para Obama.
Depois... bem, depois o mundo real, com seu peculiar sorriso sarcástico, nos dará as boas vindas.
4 comentários:
É a nova geração que chega ao poder (yes, WE ca!!!). Com perdão do trocadilho, ''a esperança vai vencer de novo.''
É a nova geração que chega ao poder (yes, WE can!!!). Com perdão do trocadilho, ''a esperança vai vencer de novo.''
Exageros a parte, acho que como tudo na vida, a vitoria de Obama tem seu lado bom e seu lado ruim... Seu lado fantástico e seu lado real... Concordo que é meio ridículo achar que o cara vai ser "o" bonzinho... Mas de qualquer forma... mudanças no pensamento das pessoas ocorreram... e pra mim isso só vem a provar o obvio!... Que com possibilidade e oportunidade de escolha... todos podem ajudar a melhorar - ou piorar - o mundo... De resto... Só o tempo vai dizer!
Eu me lembro dessa conversa e continuo concordando plenamente com nossas semelhantes convicções no âmbito político. Muito boa postagem. Bjos ;)
Mirella P.
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