quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Show do Intervalo

Agora virou moda! Todo evento esportivo com um intervalo entre a primeira e as demais etapas tem que vir recheado com algum boletim ou mini programa nos moldes de um "show do intervalo". É chic. Bacana. Cool. É o momento de mostrar o quão "preparados" estão os comentaristas, como podem conhecer tantas estatísticas e serem capazes de fazer comentários brilhantes, mas, acima de tudo, como o meu canal de TV é tecnológico! São gráficos, infográficos, pornográficos, tira-teimas, coloca-teimas, devolve-teimas, telas que giram com o movimento dos dedos, do pensamento, enfim, uma miríade de coisinhas "high tech" para entreter a multidão de jovens da geração y, acostumados com o mundo digital e provocar estranheza na outra multidão de adultos e idosos da analógica geração x.

Eu me considero novo, jovem, de verdade, mas não posso escapar do fato de que aos quatro anos de idade, quando pisei a primeira vez as instalações do estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, para ver meu botinha jogar, o pessoal ia com a família e a turma levava até rojões para soltar na comemoração de um gol!!! O pior: ao chegar em casa eu assistia a zebrinha que movimentava somente os olhos e a boca para anunciar o placar dos jogos do fim de semana. Na verdade quem anunciava era o Léo Batista e a zebrinha ia dizendo em que coluna o "X" iria aparecer. Ferroviário 1, Paysandu também 1. E aí vinha a zebrinha: "Coluna do Meio". Remo 3, Sport 2. Coluna Um. E assim caminhava o Brasil, nos passos charmosos da Zebrinha do Fantástico.
Hoje é diferente. No show do intervalo não tem mais zebrinha. Em compensação tem um monte de cavalos espesinhando alguem; tem muito técnico nervoso reclamando da arbitragem e merchandising saindo pelos cotovelos.

Tem também muita estatística bacana, do tipo: "Em 1982, quando o Luiz Renato ainda era uma criança, brincava de Playmobil, jogava futebol na casa da Carol e caçava rã de madrugada na fazenda do tio Maurinho, o Botafogo de Ribeirão Preto já havia enfrentado 32 vezes o CRB de Alagoas, vencido 19 partidas, perdido 10 e empatado 3; 645 soldados argentinos haviam sido mortos pelos ingleses na Guerra das Malvinas; 99,71% foi a inflação acumulada daquele ano e zero foi o número de conquistas do Corinthians na Libertadores."

Como podemos ver, apesar das mudanças, algumas coisas continuam iguais.

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