segunda-feira, março 02, 2009

Sarney, Luiza Brunet, Passistas e Sambistas

Não é que discorde das inúmeras críticas que resmungam da falta de opções no senado brasileiro que elegeu, pela terceira vez, o ex-presidente da República, José Sarney para ocupar o cargo de Presidente daquela Casa.

Sarney tem muita história e é um símbolo da política brasileira, mas desta vez não vou discutir se o símbolo é bom ou ruim. É claro que tenho a minha opinião, mas no momento tratarei de outro aspecto porque o tema deste post é Carnaval.

Tradicionalmente eu dedico um post a cada fevereiro para este tema tão importante para a cultura nacional, esta festa que nos marca enquanto civilização, que nos diferencia e que se transforma na representação simbólica e dialética de uma raça única, distinta e distante de todas as outras. Sim, eu detesto Carnaval.

As vezes fico imaginando o Bonner, deitadinho de pijama ao lado da Fátima, vestindo sua meinha soquete para abrigar o pezinho resfriado pelo ar-condicionado do quarto do casal. Ele preocupado confessando, baixinho, no escuro, que não suporta mais dar notícias sobre Carnaval porque são sempre os mesmos temas:

- a rainha da bateria com suas variações: dietas, treinamento, ensaios no galpão.
- os carnavalescos com suas variações: técnicas, inspirações, ensaios no galpão.
- o público com suas variações: compra de ingressos, decoreba das letras dos sambas, ensaios nos galpões.
- as escolas com suas variações: temas, sambas-enredo, preparativos, ensaios nos galpões.
- os anônimos (haaa... essa eu adoro... sempre tem matérias sobre os anônimos) com suas variações: o trabalho árduo nos carros alegóricos, a economia para comprar a fantasia e os ensaios nos galpões.

Bem... e por aí vai. Depois tem sempre aquela matéria em que o jornalista, por melhor que seja, começa a frase mais ou menos assim: “por enquanto o único barulho dos galpões é este” (então corta a cena da imagem dele e aparecem as pessoas martelando, soldando, costurando, serrando... e volta para o repórter), “mas daqui há 1 semana o som será este” (daí começa aquele TumTum, BaticumDum, Ziriguidum!), enfim, que chato.

Nada tira da minha cabeça que lá no íntimo, no escurinho do quarto, os dois não vertam lágrimas quando se dão conta de que terão que iniciar as matérias sobre o Carnaval Globeleza. Nada contra, atenção. Eu sou um admirador desse casal e acho que eles são o que de melhor existe em termos de jornalismo para as massas. Não sou daqueles que pregam o fim da Rede Globo, a vilã que representa todo o mau... eu heim, para mim todo o mal não está na Globo, mas lá para os cantos de Brasília, especificamente no Palácio do Planalto.

Bem, mas estou dando voltas e mais voltas e meu objetivo é fazer um contra-ponto às críticas da eleição do Senado com o argumento de que são sempre os mesmos. A pergunta é: porque ninguém reclama dos sempre mesmos chatos que aparecem nos carnavais do Brasil? Será que só existe Chiclete com Banana, Ivete Sangalo e Cláudia Leite? Mas eu simpatizo com o carnaval do Nordeste, primeiro porque ele é mais “genuinamente popular”, apesar dos abadás custarem uma fortuna, e segundo porque ele está mais longe de mim. Agora perigosos mesmo são os desfiles de escolas de samba do Rio e de São Paulo. Haaa, esses são verdadeiras ameaças.

Reparem. As rainhas de bateria são sempre as mesmas, que vivem sorrindo para as câmeras, mas na verdade fazem verdadeiros conchavos políticos (tantas vezes piores do que os de Brasília), para ocupar o posto tão almejado. Fora as dietas absurdas e as plásticas infernais, mas daí é problema delas né, não meu. De qualquer forma o processo é longo e elas se engalfinham para mostrar o bumbum para os fotógrafos. Eu fiz uma pesquisa, ou melhor, um pequeno levantamento estatístico e posso comprovar a proporção de distribuição das vagas:

- 30% são atrizes bonitonas;
- 10% são namoradas e/ou amantes de alguém considerado importante: um presidente de escola, traficantes, ou pagodeiros ou tudo isso juntos (este post é uma brincadeira para entreter o leitor, mas não pensem que o narcotráfico também não financia a festa!);
- 30% são ex-capas da Playboy;
- 5% participaram de alguma edição do BBB;
- 20% são modelos;
- 5% são da “comunidadii”

Observem então as entrevistas das “celebridades” nos ensaios dos galpões. Sempre os mesmos. Sempre as mesmas perguntas e respostas idênticas às que foram fornecidas no Carnaval passado. Não seria mais fácil colocar o video tape do Eri Johnson, da Viviane Araújo, do Zeca Pagodinho e de tantos outros respondendo as mesmas perguntas do ano passado? E o pior são aquelas entrevistas que sempre terminam com um: “Escola de Tal na Cabeeeeçaaaaaaa” ou, “Escola de Tal arrebentandôôôôô... U-Huuuuu”. Fora o “Vamu ganhá Vamu Ganháááá!”.

Tenho certeza de que cronistas talentosos e engraçados já publicaram críticas sobre este mesmo aspecto que eu estou fazendo neste blog. Mas se na política são sempre os mesmos, nos Carnavais são sempre os mesmos, porque eu não posso abordar sempre os mesmos temas?

Com tamanha repetição eu definitivamente nem consigo mais ver graça alguma na Luiza Brunet, objeto de meus desejos mais íntimos ao longo de minha adolescência, transformada em meu pesadelo mais nítido nas transmissões do Carnaval.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o post professor...
Realmente o Carnaval, principalmente do Rio e SP, acaba indo muito mais para o lado comercial do que para a essencia de diversao vista no Nordeste. Nao podemos perder esta festa tao popular e caracteristica do nosso pais. Realmente tem uma hora q cansa ver bunda pra la... bunda pra cá..e o engraçado eh q sao sempre as mesmas...
Muito bom mesmo!

Rodrigo Volponi disse...

por favor se possível, faça um post falando sobre a estratégia do pmdb colocando o collor na cena política.

proMB produções disse...

Segue nossa homenagem ao Samba!
http://www.youtube.com/watch?v=Fbhy_erNI7U&feature=player_embedded