domingo, fevereiro 28, 2010

Novas Embalagens

Existem alguns grupos de alunos bastante especiais que gostam de acompanhar a cena política do país e se mostram curiosos a respeito dos desdobramentos de diferentes casos de corrupção, embora tenham alguma dificuldade para entender quem é quem em cada um desses casos.

O caso Arruda pode ilustrar o problema. A despeito de ser conhecido como o “mensalão do Distrito Federal” ou o “mensalão do DEM”, neste mensalão, o do DEM, existe a estranha presença de alguns elementos do PT envolvidos, como é o caso das visitas ainda não explicadas do petista, ex-ministro dos esportes do governo Lula, Agnelo Queiroz, ao pivô do escândalo em Brasília. Então as pessoas, confusas, perguntam: afinal, o mensalão é do DEM ou não é?

As vezes fica difícil fazer aquilo que o povo tanto gosta: “dar nome aos bois”. Seria mais fácil aprendermos com as embalagens de produtos vendidos nos supermercados. Por exemplo, na embalagem de um Yahult aparecem muitas informações úteis aos consumidores e nenhum consumidor é enganado, sabendo muito bem que dentro daquele líquido amarelinho vem um monte de lactobacilos vivos.

Assim poderiam ser os escândalos. Quantos corruptobacilos vivos existiriam, por exemplo, no Mensalão do PT? Certamente muitos. O mesmo aconteceria com o Mensalão do DEM, ou seja, se somadas as embalagens, contariam-se aos milhares. Outra sugestão: ao invés de 80 gramas, ou 200 ml, poderíamos colocar a medida em termos de recursos usurpados dos cidadãos. Assim, teríamos embalagens de 80 Bi (para bilhões), 200 Mi (para milhões) e assim sucessivamente.

Para facilitar ainda mais, a embalagem mostraria além da quantidade de corruptobacilos vivos, também a de corruptobacilos mortos. Fica melhor para entender, por exemplo, casos como o da prefeitura de Santo André ou mesmo os esquemas de corrupção e invasão de terras no Pará, só para dar dois exemplos. Se repararem bem, neste caso seria necessário contabilizar quantas vítimas inocentes entraram na “embalagem” sem o menor desejo. Trocaríamos então a frase “Contem Glúten” por “Contém Vítimas Inocentes” e assim as pessoas de bem, mortas pela mão de patifes das mais diversas agremiações político-partidárias, seriam lembradas para fazer com que todos soubessem que a corrupção não apenas faz esvair o dinheiro público, mas também pode destruir famílias inteiras.

Todas as embalagens contam com as famosas Tabelas Nutricionais. Que tal trocar as Calorias e Carboidratos pela quantidade de empresários e políticos envolvidos? Poderíamos também fazer uma tabela de correlação para descobrir quantas calorias um cidadão honesto gasta por dia para produzir o que o corrupto rouba no mesmo período. Ou quantas pessoas precisam trabalhar honestamente para encher os bolsos dos desonestos.

O “Registro no Ministério da Agricultura” seria trocado pelo “Registro no Juizado tal, sob o processo de número tal que tramita no Tribunal X”.

Fácil mesmo seria descrever o sabor dos produtos. Neste caso, todas estas embalagens seriam idênticas: “Sabor Azedo do Desgosto e da Indignação”.

2 comentários:

Unknown disse...

Gostei das analogias...rs. Isso me lembrou a época em que vc dizia que não dava papinha na boca dos alunos. Eu digo, o tempo passa e você está ficando mais bonzinho...rs

Nanäieh (Sol) disse...

Adorei a comparação! Parecia que estava assistindo a mais uma de suas aulas. Fico feliz que tenha voltado a ativa. Sou fã deste blog - e também do autor.
Parabéns pelo texto!